Trajetória no apoio ao câncer infantojuvenil

Apesar de todos os avanços da medicina, ouvir do médico que seu filho está com suspeita ou com diagnóstico de câncer não é fácil. Surgem dúvidas, medos, incertezas, angústias e vários outros sentimentos contraditórios. Tem-se a impressão de que o chão faltou aos seus pés.

O câncer ainda é uma doença estigmatizante, temida e associada a morte, com muitos preconceitos e culpas. Frequentemente, a primeira atitude ao receber a notícia é a negação. Buscar informação e conhecer a doença é apenas o primeiro passo para as famílias que lutam contra o câncer infantojuvenil. Existe a batalha da criança ou adolescente que enfrenta baterias de exames, sessões de quimioterapia e radioterapia, o que muitas vezes ocasiona internações constantes. Esse fato gera outro problema: normalmente a mãe, para acompanhar o tratamento do filho, se vê obrigada a passar longos períodos longe dos outros filhos que estão em casa e do restante da família.  Concomitantemente, advém as dificuldades financeiras, materiais, entre outras. É um mundo desconhecido que precisa ser desvendado, um longo caminho que necessita ser percorrido, com várias dificuldades e etapas a serem vencidas.

 Nesse momento, se toma consciência de que é necessário a adaptação à nova realidade estabelecida. O acolhimento em um local especializado é de extrema importância, uma vez que observamos que o tratamento do câncer é longo, com grande desgaste emocional, físico e requer persistência e esperança do paciente e da família.

O serviço social na Casa de Apoio possui um caráter inclusivo, interventivo e educativo, tendo como foco o processo curativo do paciente e acompanhamento do grupo familiar, no que diz respeito às questões sociais, estrutura familiar e questões socioeconômicas.  

A assistente social tem o primeiro contato com o responsável legal pelo paciente, geralmente a mãe. Através da escuta qualificada é realizada uma entrevista social para compreensão da situação sócio familiar. Os dados levantados serão utilizados ao longo do processo de tratamento da criança ou adolescente e servirão de subsídio para as ações multiprofissionais.

Nessa intervenção também são fornecidas aos acompanhantes orientações, em linhas gerais, sobre as mudanças no cotidiano do paciente durante o período de tratamento, internação, permanência na Casa de Apoio e retorno a residência.

A atuação do serviço social possibilita conhecer as demandas sociais de cada família, criando um vínculo entre o profissional e o usuário/acompanhante que garante intervenções de acolhimento e orientação, buscando o comprometimento dos sujeitos envolvidos no processo de tratamento e cura.

Após o primeiro contato, paciente e acompanhante são encaminhados para avaliação pela equipe multiprofissional, composta por psicóloga, odontóloga, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, farmacêutica, nutricionista, pedagoga, informática e arte educadora, para definição dos atendimentos a serem realizados de forma complementar ao tratamento, tanto para o paciente como para a família.

Nesse contexto, é fundamental uma equipe que tenha competência técnica para lidar com as diversas fases da doença oncológica, pois a criança ou adolescente com câncer e seus familiares possuem necessidades especiais que exigem respostas imediatas.

Soraya Mendes Guimarães

Assistente Social – Casa Durval Paiva

CRESS/RN 1249

Por Soraya Mendes Guimarães

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