Hábitos bucais e suas consequências em pacientes pediátricos

A instalação de um hábito bucal, deve ser realizada de forma agradável e trazer satisfação e prazer à criança, gerando diversos sentimentos positivos. Inicialmente, ela o realiza de forma consciente. Contudo, à medida em que este passa a ser realizado, de forma frequente e contínua, ocorre um processo de automatização e aperfeiçoamento, tornando-se um ato inconsciente.

Os hábitos, quando relacionados com a cavidade bucal, de forma deletéria (prejudicial), podem resultar em alterações, tanto nos tecidos musculares, como dentários e ósseo. Eles podem alterar o padrão de crescimento normal e danificam a oclusão (mordida), determinando forças musculares desequilibradas que, durante o crescimento, distorcem a forma da arcada dentária e alteram a morfologia normal.

Quando o hábito traz prazer, é difícil de ser deixado e, com isso, a prolongação do mesmo, pode alterar as estruturas orofaciais, como: lábios, língua, dentes e palato, acarretando danos para as funções que necessitam dessas estruturas, que são: fala, mastigação, sucção, deglutição e respiração.

Os principais hábitos orais, que se tornam deletérios, pela repetição e prolongamento, são: hábitos de sucção não nutritiva – como a sucção digital (chupar o dedo) e a chupeta; os hábitos de sucção nutritiva artificial – o uso da mamadeira; os hábitos de morder – como onicofagia (roer a unha), bruxismo e morder objetos; os hábitos funcionais – como deglutição atípica, alteração na fala e respiração oral. Sendo que os hábitos funcionais, normalmente, são consequência de um outro hábito oral anterior, como o uso da chupeta.

O hábito oral se torna prejudicial, quando o indivíduo começa a apresentar alterações em sua estrutura oral e em suas funções. É preciso levar em consideração três fatores sobre eles, que são: intensidade (a força aplicada, durante a sucção), frequência (o número de ocorrências, durante o dia) e duração (a quantidade de tempo dedicado ao hábito). A partir desses fatores, pode-se avaliar o quanto o hábito está se tornando prejudicial, pois, conforme vai aumentando o tempo, mais consequências e resultados ruins vai trazer.

As principais alterações que esses hábitos deletérios causam são: alteração na oclusão dentária, palato ogival, posicionamento inadequado da língua, interposição lingual, ausência de selamento labial, escape oral de saliva, flacidez da musculatura orofacial, prolongamento na face, alteração na fala, respiração oral, deglutição atípica, mastigação imatura e disfunção temporomandibular (DTM).

Se o hábito for removido, até 3 anos de idade, as alterações bucais provocadas por ele são reparadas, ao longo do desenvolvimento da criança. Se passar desta idade, pode ser necessário tratamento multidisciplinar com ortodontia (aparelho), fonoaudiologia e psicologia, para que a criança o abandone e corrija a alteração bucal provocada.

Na Casa Durval Paiva, assim que cadastrados, os pacientes passam por uma anamnese e exame clínico detalhado, para avaliar se há algum hábito deletério instalado. Em casos positivos, é realizada a intervenção multidisciplinar e orientação familiar, para remoção do hábito, o mais breve possível.

Por Anna Letícia Xavier de Lima Dentista da Casa Durval Paiva CRO/RN 5213

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