Voltando a andar

O câncer, que acomete crianças e adolescentes, pode trazer muitos prejuízos para os aspectos físicos, como a força muscular, mobilidade, coordenação motora e equilíbrio. Em alguns casos, há necessidade de repouso prolongado, o que se torna um fator adicional para comprometer também a resistência à fadiga.

Esses aspectos ficam alterados, em decorrência da evolução da doença, do tamanho e localização do tumor, do tipo de tratamento e das condições clínicas individuais, ou seja, variam de paciente para paciente, mesmo que tenham o mesmo diagnóstico. Por isso, é muito importante que o fisioterapeuta tenha uma conduta específica para cada paciente e contribua com a reabilitação, de acordo, também, com os objetivos do próprio paciente.

Alguns deixam de andar durante o processo de tratamento, devido ao equilíbrio deficiente, a diminuição de força muscular, a incapacidade de apoiar o peso em um dos membros inferiores, em alguns pós-operatórios, paralisia em um ou os dois membros inferiores e amputação.

Exercícios de fortalecimento muscular de membros inferiores e superiores, associados com treino de equilíbrio, devem ser realizados, desde a fase inicial da reabilitação. Depois, o treino de marcha (treino da caminhada) pode ser realizado com um dispositivo auxiliar, como barras paralelas, andador ou muletas.

É fundamental que o fisioterapeuta explique e demonstre como deve ser o uso correto, para que o paciente tenha a capacidade de manipular o dispositivo. Também é fundamental transmitir e promover segurança para o paciente, para que ele seja estimulado a avançar e progredir.

O treino de marcha deve incluir a maior variedade possível de padrões e obstáculos, levando em consideração os obstáculos que o paciente tem em casa como escada, batentes, desnível entre os cômodos, etc. São exemplos de treino: caminhar para frente e para trás, subir e descer escada e rampa, treino para transpor obstáculos de variados tamanhos, treino em superfícies estáveis e instáveis (grama e areia).

Vários pacientes tem medo de cair e se sentem inseguros, mas, aos poucos, no ritmo de cada um, a percepção corporal e da capacidade funcional promovem confiança. Ao adquirir estabilidade, força e coordenação, pode ser iniciado o treino para o paciente andar sozinho. O comprimento dos passos e a velocidade devem aumentar de forma progressiva, até que o padrão de marcha esteja reabilitado e o paciente consiga andar com o mínimo de auxílio ou de forma totalmente independente, que é um dos momentos mais esperados e celebrados na reabilitação.

Por Cinthia Moreno - Fisioterapeuta Casa Durval Paiva - CREFITO 83476-F

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