Depois da cura: obesidade em ex-pacientes oncológicos pediátricos

Quando falamos em câncer, de forma geral, é muito comum associarmos às deficiências nutricionais, principalmente no que se refere às demandas energéticas, já que sabemos o quanto o tratamento, e a própria doença, pode interferir negativamente na ingestão alimentar do paciente.

Na perspectiva do câncer infantojuvenil, talvez esta preocupação seja ainda maior, pois pensamos nas sequelas e prejuízos que possíveis carências nutricionais podem trazer para o desenvolvimento da criança ou adolescente. No entanto, apesar de ser menos comum, os “excessos” e suas consequências também são uma possibilidade e realidade, não só durante o tratamento, mas depois dele.

A obesidade tem sido classificada como um dos principais problemas de saúde pública no mundo; a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) é o tipo mais comum de câncer na infância, e sua taxa de cura encontra-se em torno de 80%; mas o que uma “coisa” tem a ver com a outra? O fato é que quadros de obesidade tem se tornado comum em pacientes sobreviventes desse tipo de câncer.

Vários fatores têm sido associados para estabelecimento desta realidade, como por exemplo, o uso excessivo de corticoesteróides e a radioterapia craniana, que podem interferir na produção hormonal normal da criança. Além dos fatores não associados ao tratamento, como o estilo de vida, más escolhas alimentares, sedentarismo, histórico familiar, entre outros.

Claro que não estamos falando aqui do que não nos cabe, daquelas consequências que não podemos evitar, mas sim do que podemos fazer para contribuir, pois do que adianta alcançar a cura de um câncer e adquirir para o resto dos dias uma doença crônica que carrega consigo diversas comorbidades como: dislipidemias, fatores de risco para doenças cardiovasculares, resistência à insulina, processos inflamatórios, desequilíbrios funcionais do organismo, etc.

Dessa forma, podemos perceber que o cuidado com o paciente oncológico infantil assistido pela Casa Durval Paiva excede ao período de tratamento. Na verdade, por se tratar de uma criança ou adolescente, se trabalhamos para alcançar a cura e melhor qualidade de vida, este deve ser nosso principal foco, pois estamos “construindo” um adulto e seus futuros hábitos alimentares. 

 

Fonte:

  • ALVES, J. G. B.; PONTES, C.M.A.; LINS, M.M. Excesso de peso em crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda – estudo de coorte. Rev. Brasil. Hematol. Hemoter. Recife. 2009.
  • OLIVEIRA, B. A. et al. Estado nutricional de crianças e adolescentes sobreviventes de leucemia linfoide aguda tratados em um centro de referência da Região Nordeste do Brasil. Rev. Nutr., Campinas, 26(3):271-281, maio/jun., 2013.
  • MERLIN, A.S. Prevalência de síndrome metabólica em sobreviventes de leucemia infantil: revisão de literatura. Poro Alegre. 2014. 

Por Priscylla Kelly Abrantes

Nutricionista - Casa Durval Paiva

CRN 14096

Por Priscylla Kelly Abrantes

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