O que passa na cabeça das crianças e adolescentes quando recebem o diagnóstico de câncer?

            O primeiro contato do serviço social é com a família e a criança/adolescente logo após receberem o diagnóstico de câncer, eles são acolhidos, recebem as primeiras orientações sobre o apoio e serviços disponíveis durante o tratamento do câncer e também os encaminhamentos para resolver suas demandas iniciais. Normalmente quem mais se expressa durante o acolhimento são os pais/responsáveis. Mas o que se passa na cabeça dessas crianças e adolescentes quando recebem o diagnóstico de câncer? Para responder essa questão vamos relatar aqui uma conversa que tivemos com uma adolescente de 17 anos, diagnosticada com Leucemia.

            “Reconstruir o que eu conheço, como é difícil, para minha mãe, para o meu pai e para mim também não é fácil, mas a gente começa juntos. Recebemos a notícia difícil, mas precisamos viver com isso. Mas o que é isso? Isso é o desconhecido que precisamos conhecer. Muitos exames no hospital, a radioterapia e a quimioterapia, às vezes vomito muito. A casa que não é minha, quero ir para casa mas não posso. Aí descubro que preciso começar a conhecer novas pessoas, novos amigos que também passam pelo mesmo que eu, novas tias que não são de verdade mas que vão me ajudar, começar a ser feliz com o que tenho. As vezes choro sozinha, para não preocupar mais a minha mãe, choro por me sentir só, as vezes por não saber o que vai acontecer, porque estou triste com saudade do meu pai, dos meus irmãos, do meu namorado... O que ele vai fazer quando meu cabelo cair? Eu vou ficar feia e por isso eu choro também. Quando recebo notícias de casa ou vejo uma foto do meu pai aí eu choro porque queria estar lá, como era antes. Mas estou aprendendo com as minhas tias o que é a Leucemia e como lutar contra ela para ficar boa e voltar para casa logo. Estou aprendendo a me ver diferente de antes e conviver com essa doença até ficar boa.”

Na Casa de Apoio Durval Paiva convivemos diariamente com crianças e adolescentes que são diagnosticada com câncer ou com doenças hematológicas crônicas. Esses pacientes adolescentes além das inseguranças comuns da idade também convivem com a situação nova, de tratamento e enfretamento da doença. A mudança radical do seu cotidiano, o distanciamento dos seus familiares e amigos, o afastamento da escola, a nova rotina de exames e tratamento apresentam-se como novos obstáculos a serem superados.

Para ajudá-los a enfrentar o período de tratamento existe uma equipe multidisciplinar formada por assistente social, psicóloga, dentista, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, pedagoga, nutricionista e farmacêutica que a partir do conhecimento da situação de cada paciente, traça estratégias de intervenção junto ao mesmo, de acordo com a situação de vulnerabilidade apresentada.

Soraya Mendes Guimarães

Assistente Social – Casa Durval Paiva

CRESS/RN 1249

 

Por Soraya Mendes Guimarães

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