O câncer, a pandemia e seus impactos

Os tempos atuais têm sido muito desafiadores para o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil, como também, para quem enfrenta a doença, com o surgimento da pandemia do COVID 19. O que fazer com essas crianças que estão com câncer e precisam de tratamento? E aquelas que, ainda, estão fechando diagnóstico?

Segundo a ABRALE (associação Brasileira de Linfomas e Leucemia), que realizou um levantamento nacional, a estimativa é que, entre 50 e 90 mil brasileiros, deixaram de ser diagnosticados com câncer, nos primeiros meses da pandemia do novo coronavírus, impactando diretamente nas consultas, exames, cirurgias e biópsias, que não foram realizadas.

A Casa de Apoio Durval Paiva se reestruturou e buscou adequar suas instalações, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), a fim de não prejudicar o andamento do tratamento das crianças e adolescentes acolhidos, bem como, a continuidade dos serviços prestados. Porém, foi observado, nesse período, uma baixa na procura dos serviços, decorrente da ausência de informações, acarretando uma queda na procura e continuidade do tratamento.

O medo de contrair o vírus e piorar o tratamento fez com que essa procura diminuísse, acarretando um aumento significativo, nos meses subsequentes. Contudo, o número de crianças, com o diagnóstico tardio para o início do tratamento, aumentou.

A necessidade do isolamento social e distanciamento causaram uma demanda reprimida, no diagnóstico do câncer infantojuvenil, retardando o tratamento, principalmente, para aqueles que estavam em estado avançado, como também, para aqueles que iriam começar.

Mesmo com o receio da situação atual, o paciente oncológico não deve parar o tratamento. Caso precise sair, para realizar algum tipo de exame, deve redobrar os cuidados, mantendo sempre o uso da máscara, lavando as mãos com frequência, distanciamento social e não compartilhar objetos de uso pessoal.

Na Casa Durval Paiva, foram tomadas todas as medidas preventivas, entre elas, orientações a todos os colaboradores, familiares dos pacientes e restrição de visitas. Tudo isso, para evitar a disseminação do vírus, permitindo às crianças e adolescentes acolhidos a continuidade do seu tratamento, da melhor forma possível e sem percalços.

O câncer não espera, nem escolhe data ou hora para aparecer. Então, o tratamento não deve ser interrompido. Em caso de dúvidas, é essencial entrar em contato com a equipe médica.

Por Rilvana Campos Câmara - Coordenadora do diagnóstico infantojuvenil da CDP

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