Contribuições da Psicologia no tratamento oncológico

O câncer é uma doença crônica de etiologia multifatorial, isso quer dizer que vários fatores podem contribuir para o surgimento da mesma. Inclusive, fatores psicológicos, que causam o aceleramento das células, um exemplo disso é uma perda súbita, um luto complicado e mal elaborado.

O adoecimento tem implicações biopsicossocioespirituais, isso quer dizer que toda a vida desse paciente irá sofrer alterações. Em alguns casos, essas mudanças são maiores do que em outros e, tudo isso, vai se refletir na família, que assumirá um papel de cuidador, durante todo o tratamento, desde o diagnóstico até o período de cura/remissão. Ele também pode seguir até a fase que o paciente não responde mais às intervenções, fazendo com que as medidas paliativas aumentem, até entrar nos cuidados paliativos exclusivos.

O fazer da psicologia na Casa Durval Paiva se constitui, também, em estar presente em todas essas facetas, o lugar de fala é oferecido para a pessoa de referência do paciente e ele próprio, por meio do grupo “De mãos dadas”, um grupo lúdico para crianças e adolescentes. Outros exemplos são as oficinas conjuntas – paciente e cuidador, bem como, a psicoterapia breve focal. O acompanhamento é realizado na sede da instituição e, também, no hospital. Para que se tenha todo o atendimento necessário, busca-se parcerias e trocas, com os psicólogos de suas referidas instituições.

O psicólogo é um profissional transversal entre essa tríade, onde se faz um acompanhamento do paciente, família/acompanhante e equipe de saúde. Então, na prática, o profissional tem, como uma de suas funções, trabalhar o empoderamento desse paciente e família, desmistificando a imagem de uma pessoa doente, que assume uma postura passiva e fragilizada. O paciente oncológico é e precisa ser visto como um sujeito de vontades, que tem o seu discurso validado e esse é o papel da psicologia, dar voz a esse paciente.

Dentre o fazer profissional, a psicologia pode contribuir nessa área de atuação, utilizando ferramentas na assistência, prevenção, tratamento, reabilitação e processo de progressão da doença. Cabem, também, contribuições na pesquisa, variáveis psicológicas e sociais, que auxiliem na compreensão da incidência e tempo de sobrevida, após diagnóstico. Também é papel do psicólogo atuar na organização de serviços de saúde, que visem o atendimento integral, a formação e o aprimoramento dos profissionais de saúde, nas diferentes etapas do tratamento.

Pesquisas apontam que 60% dos tipos de câncer podem ser prevenidos, o que faz necessária a capacitação dos profissionais de saúde, de todas as áreas do grupo “saúde”. Uma formação continuada, assim como, a educação permanente daqueles que atuam na atenção primária, uma vez que estes estão mais próximos das comunidades. O trabalho do psicólogo versa sobre a aceitação da diagnose, juntamente com empenho no tratamento, isso vai aliviar, diretamente, os ganhos secundários, proporcionando uma melhor qualidade de vida a esse paciente, que passa a ver como uma doença com tratamento e não uma sentença de morte.

Por fim, a missão do profissional da psicologia da saúde é o investimento de vida desse paciente, é ver como ele está reagindo ao que acontece e ir esclarecendo as crenças irreais de uma doença, que é cercada por temores, estereótipos e preconceitos. A motivação do paciente, o seu empenho no tratamento, não são uma responsabilidade do psicólogo, mas, sem dúvidas, as intervenções podem e mudam a vida de muitos. 

Pense no profissional de psicologia como um farol, que ilumina e mostra caminhos, possibilidades e perspectivas, a escolha do caminho é daquele que está trilhando.

Por Ana Kariny Cabral Araújo - Psicóloga - CRP 17/46665

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