Quem cuida do cuidador? O apoio ao acompanhante do paciente oncológico

 

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA, 2020), o câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. No Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.

Quando uma criança ou adolescente recebe o diagnóstico de câncer, o choque e sofrimento não serão apenas do paciente, mas também da família. Frente a isso, tornando-se importante que o apoio e o suporte se estendam para aqueles que estarão envolvidos.

As mudanças sociais, econômicas, emocionais e de estilo de vida começam a surgir. É preciso adequar-se às novas rotinas no hospital e na Casa de Apoio, ficar longe de casa, dos outros filhos e familiares e ainda deixar o emprego e tornar-se cuidador em tempo integral.

O cuidador é uma das peças fundamentais no tratamento, em especial no câncer infantojuvenil, onde, na maioria dos casos, ele será o maestro dessa nova fase na vida do paciente. Dessa forma, os prejuízos emocionais, sociais e físicos vão surgir, fazendo com que esse cuidador precise receber o devido suporte psicossocial para o enfrentamento do câncer.

Para que esse cuidador possa dar o suporte ao paciente, ele precisa ter um suporte. Esse cuidado é necessário em várias frentes, sendo duas dessas quanto a informação adequada: o que fazer, como fazer e quanto ao suporte psicossocial.

Percebendo a importância desse cuidado para quem cuida, a Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, conta com um grupo psicossocial para acompanhantes denominado “Mãos Dadas”, com encontros semanais, ministrado pela psicóloga e a assistente social da Casa. A cada mês, é trabalhado uma temática, levando em consideração as demandas latentes, principais temas investigados e observados nos encontros.

O principal objetivo do grupo é disponibilizar um espaço de acolhimento, troca de experiência onde surgem identificação e apoio para que esses acompanhantes tenham vez e voz. No grupo, eles poderão trazer seus anseios, dúvidas, medos e ainda receberão o acolhimento que precisam. É importante trazer o conforto, apoio e a informação durante todas as fases do tratamento, tendo em vista que quem cuida precisa ser cuidado, até mesmo para auxiliar melhor o outro.

Por Adelaide Alaís Alves Psicóloga – CRP 17/4085

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