Qual papel do profissional terapeuta ocupacional? Para esta pergunta, muitas respostas acabam sendo equivocadas. Por exemplo, de que o terapeuta ocupacional seria para ocupar, a fim de não permitir que a mente permaneça vazia, ou até mesmo, retirar do ócio. Porém, a atuação deste profissional é muito mais complexa, visto ser de sua atuação, avaliar, orientar e intervir nas questões relacionadas aos aspectos cognitivo, motor, mental, social e no desempenho das atividades de vida diária (A.V.D).

Quando falamos em terapia ocupacional, o campo de trabalho inclui diversas ramificações, incluindo o contexto hospitalar e da Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva. É comum, neste contexto de internações, vermos pacientes focados e preocupados com medicações, exames, consultas, cirurgias, pós cirurgia, dentre tantos outros procedimentos. Assim, em contrapartida, outros aspectos, como a autoimagem, o lazer, o autocuidado, a qualidade do sono e a mobilidade, passam a ser fatores secundários.

Dependendo do paciente e de sua condição cínica, não conseguem realizar suas atividades básicas de vida diária (ABVD), como exemplo, se alimentar sozinho, tomar banho e até escovar os dentes. Assim, para não ficar com suas atividades básicas comprometidas, entra em cena o pai ou mãe, auxiliando as crianças e os adolescentes nestas atividades, a fim de não deixarem de ser executadas. Porém, o paciente precisa passar por estes estímulos e o profissional terapeuta, neste caso, será um mediador neste processo, a fim de manter a independência do paciente.

Infelizmente, por muitas vezes, vamos perceber o quanto somos capazes de executar uma tarefa, justamente quando não tivermos mais condições de realizá-la. Durante a internação, este sentimento se torna mais visível, já que tem impacto direto no embate com a doença. As intervenções terapêuticas acontecem através de treinos na alimentação, no banho, escovação, despir, vestir e, até mesmo, de atividades escolhidas pelos próprios pacientes, juntamente com a terapeuta ocupacional.

É realizado um trabalho de recuperação das habilidades e, se tiver necessidade, são sugeridos dispositivos que os auxiliem a se tornarem ativos, como a confecção de adaptações, que favoreçam e proporcionem o alcance de maior independência. Assim, cada paciente passa por uma avaliação e, após isso, será dado início ao acompanhamento terapêutico. Este acompanhamento será realizado, conforme a singularidade de cada criança e adolescente.

Desta forma, todas as intervenções são baseadas no contexto do desejo, na cultura e sempre respeitando as limitações, considerando as potencialidades e todos os demais aspectos, principalmente, os que sejam de interesse do paciente, em busca de uma vida mais prazerosa e com mais qualidade.