Laserterapia em crianças com câncer

O LASER é uma sigla que significa amplificação da luz por emissão estimulada de radiação. Existem dois grupos de laser, o de alta potência ou cirúrgico e o de baixa potência ou terapêutico. Na odontologia, vem sendo utilizado largamente e na oncologia, utilizamos o laser de baixa potência para os efeitos colaterais da terapêutica do câncer, obtendo resultados positivos do ponto de vista clinico e funcional, conferindo conforto aos pacientes.

A quimioterapia e radioterapia de cabeça e pescoço causam vários efeitos colaterais na boca, sendo a mucosite oral o mais comum. Esta consiste numa inflamação e ulceração da mucosa bucal com formação de pseudomembrana e fonte potencial de infecções com risco de morte.

A mucosite quimioinduzida e radioinduzida são semelhantes em suas apresentações clínicas e aparecem logo após as sessões, causando muito desconforto ao paciente, como: dificuldade ao falar, deglutir, mastigar, causando dor e, dependendo do grau da mucosite, pode evoluir para úlceras (feridas). Nesse caso, o paciente ficará mais tempo internado, podendo ter febre, atrasando o protocolo de quimioterapia. A presença de feridas na boca permite a entrada de microorganismos na circulação sistêmica e, devido à baixa imunidade, há um grande risco de desenvolver bacteremia e septicemia.

Quando as células do organismo são bombardeadas com a quimioterapia e/óu radioterapia de cabeça e pescoço, elas deixam de respirar acontecendo a morte celular, quando há a liberação de grande quantidade de radicais livres. Esses radicais podem causar danos para outras células, resultando numa série de eventos, ocasionando a destruição dos tecidos biológicos. A laserterapia usa o laser de baixa potência para promover o reequilíbrio do processo de respiração celular, como resultado, ocorre a normalização da produção de energia e a diminuição da liberação de radicais livres. Essa energia é utilizada para manter a vitalidade da célula e impulsionar a reparação tecidual.

A laserterapia tem um rápido efeito analgésico (diminuição da dor) na mucosite oral e acelera o processo de cicatrização mesmo em pacientes imunossuprimidos. O procedimento é indolor, não tem potencial invasivo e possui baixo risco de efeitos colaterais. Além disso, é uma terapia bem aceita pelos pacientes tanto adultos, como crianças.

A terapia com o Laser tem sido usada em grandes centros como conduta padrão para prevenir e tratar a mucosite oral no Brasil como no mundo, principalmente em transplante de medula óssea e quando a radioterapia envolve a região de cabeça e pescoço. Daí a importância do dentista nos centros de oncologia para conferir melhor qualidade de vida a esses pacientes.

As crianças e adolescentes da Casa Durval Paiva são beneficiados com o tratamento do laser tanto profilático, como terapêutico. Esse atendimento se estende às crianças internadas que irão se submeter à quimioterapia e transplante de medula óssea. Tão logo os pacientes comecem a quimioterapia, em conjunto com a equipe medica, a cirurgião-dentista estará planejando o tratamento dentário, examinando a cavidade oral e suas possíveis afecções e condições de higiene oral e aplicando o laser preventivamente durante todo o processo quimioterápico. 

Por Simone Norat Campos Dentista - Casa Durval Paiva CRO/RN 1784

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