Uma história de amor entre um pai e o filho com câncer

São vários os fatores geradores de crise nas famílias e o diagnóstico positivo de câncer em um filho pode ser considerado um deles, por ser um estressor, que pode afetar o desenvolvimento da criança, interferir nas relações sociais e, até mesmo, dentro do contexto familiar, pois deixa todos os envolvidos mais vulneráveis emocionalmente.

Cada família irá reagir de uma forma diferente e isso vai depender de alguns fatores, como condições culturais, econômicas, sociais e psíquicas, a condição da criança, o estágio da doença e a rede de apoio hospitalar. É justamente, durante o processo de tratamento desse filho, que a família recorre à equipe e, na prática, a maioria das orientações são dirigidas às mães, dissociando o pai da unidade familiar. Diante das vivências no hospital e na Casa Durval Paiva, a mãe ainda possui maior destaque, enquanto acompanhante do filho, durante o processo de tratamento, apesar da representação social do papel do pai, ter sofrido mudanças no decorrer dos tempos.

Antigamente, o pai exercia o poder da casa, sua autoridade valia para os filhos e para a mulher, sendo ele o membro provedor. Porém, com mudanças no cenário feminino, com a presença das mulheres no mercado de trabalho, essa antiga estrutura tem se modificado e determinando novos arranjos familiares, com a figura paterna em processo de reconstrução, deixando-o mais presente, expondo afetividade e contribuindo, de forma significativa, para a qualidade de vida.

Diante de tantas histórias, que nos chegam diariamente, tem uma que chama a atenção, por ser atípica, que é a de um adolescente com diagnóstico de osteossarcoma. Ele deu início ao seu tratamento e tem como acompanhante o seu padrasto, já que sua mãe precisa permanecer em casa, cuidando de seus irmãos mais novos.

L.R. é um adolescente que esbanja alegria, doce, educado e cheio de histórias sobre o sítio onde reside e dos cuidados com seus animais. O fato de não ter sua mãe o acompanhando poderia ser um problema, mas L.R. não enxerga assim, durante sua estadia na instituição, é visível a parceria que possui com seu padrasto.

Durante seus atendimentos, no setor de terapia ocupacional, o jovem relata que ter o padrasto o acompanhando é um grande privilégio, pois o admira e é sua referência, considerando-o como seu verdadeiro pai, sendo companheiro de vida e de muitas histórias.

Para a equipe, fica claro que a relação do adolescente e de seu padrasto é baseada na confiança e lealdade, demonstrando que, a cada dia, esse laço se fortalece, visto L.R. estar passando por um tratamento que precisa de atenção, cuidados e compreensão. O senhor F.S possui estes requisitos e compreende a verdadeira paternidade.

Por Lady Kelly Farias da Silva - Terapeuta Ocupacional da Casa Durval Paiva - Crefito:14295-TO

Artigos Relacionados