A quimioterapia consiste na utilização de substâncias químicas, isoladas ou em combinação, com o objetivo de tratar os diversos tipos de câncer. Os antineoplásicos (quimioterápicos) atuam no nível celular, interferindo no processo de divisão celular, especificamente em alguma de suas fases, chamadas de drogas ciclo celular específicas (antimetabólicos e alcalóides da vinca), enquanto as drogas ciclo celular não específicas são letais em qualquer fase de divisão da célula (agentes alquilantes e os antibióticos antitumorais).
Os quimioterápicos podem ser administrados no hospital, em clínica ou no ambiente domiciliar. Seu manuseio deve ser feito em cabine de fluxo laminar vertical e são administrados por diversas vias. Na oncopediatria as vias mais utilizadas são: via oral, via subcutânea, via intramuscular, via endovenosa e via intratecal, esta última consiste em injetar a preparação medicamentosa no canal raquideano, na coluna vertebral.
O indesejável extravasamento é a infiltração acidental de quimioterápicos vesicantes (que podem causar necrose local) e irritantes (podem ocasionar dor e reação inflamatória) da veia para os tecidos circunvizinhos ao local da punção venosa. O conhecimento da ação dos quimioterápicos e a conduta a ser adotada pela equipe de enfermagem frente ao seu extravasamento são fundamentais no cuidado de enfermagem ao usuário em tratamento oncológico.
Nesse sentido, o enfermeiro inserido na Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, esclarece a equipe multiprofissional, os voluntários e aos cuidadores das crianças e adolescentes quanto à manipulação e administração dos quimioterápicos, os sinais e sintomas de extravasamento, cuidados com excretas dos usuários em tratamento oncológico.
Em tais esclarecimentos devem estar sempre presente a sensibilidade para escuta qualificada diante dos temores dos colaboradores, da crianças/adolescentes e famílias assistidas pela Casa.
Os indivíduos portadores de câncer são diagnosticados e tratados, e necessitam de cuidado além do manejo psicossocial das seqüelas físicas, psicológicas, sociais e econômicas enquanto sobreviventes dessa doença. Os sentimentos elencados pelo usuário em tratamento oncológico são próprios e incluem estresse físico, emocional e social resultando dos efeitos do tratamento, mudança na sua rotina, e o receio do insucesso da terapêutica.
A enfermagem então passa a fazer parte do cotidiano do binômio usuário/família e daí ocorre um elo entre a enfermeira, o portador de câncer e sua família. Quando falamos da enfermagem oncológica deve-se ressaltar a necessidade de um conhecimento técnico científico, específico e essencial à prática, ligado a uma imprevisibilidade causada pelos efeitos colaterais comuns durante o tratamento.
O instrumento do enfermeiro é o CUIDAR relacionado ao humano é uma atitude ética tendo como base o princípio do respeito. Para cuidar é necessário respeitar o outro, promovendo um percurso menos traumático para o ser humano durante o tratamento quimioterápico.
Finalizando, faz-se necessário um convite para que a enfermagem e sociedade busquem uma assistência e atenção de qualidade, concordando com o inquestionável pensamento do educador e filósofo Paulo Freire, em que o indivíduo não apenas se adapta ao mundo, mas deve transformá-lo.
Escrito por Maria Coeli Cardoso Viana Azevedo.