Patrícia Oliveira Araújo
Arte Educadora – Casa Durval Paiva
Educar o ser humano de forma geral é algo difícil e requer muita dedicação. Educá-lo na fase adulta, por sua vez, requer uma metodologia de ensino singular, pois não lidamos com o aluno em processo formador de opinião, mas sim, com um aluno que já possui opinião formada. O conhecimento desse aluno deriva de suas experiências de vida, o que, por sua vez, dificulta um pouco mais o processo de ensino-aprendizagem.
Entende-se por educação o efeito ou ação de educar, aperfeiçoar as capacidades intelectuais e “valores sociais” dos seres humanos. Esse processo pode advir do conhecimento de mundo, de cultura – crenças, arte, leis, moral, costumes e quaisquer outras capacidades – ou da educação escolar.
Ao ensinar artesanato às mães e acompanhantes da Casa Durval Paiva, identificamos que a maioria dessas mulheres não possui educação escolar. Isto se deve ao fato de serem oriundas da região semiárida do Rio Grande do Norte, onde os municípios possuem IDH situado entre 0,600 e 0,800.
Este fator influência de forma direta às atividades desenvolvidas no setor de artes da instituição, por exemplo, como quando uma aula de costura criativa é ministrada. Essas mulheres possuem dificuldade em medir o tecido, o que se deve ao feito de não possuírem conhecimento básico em matemática. Levando esses fatores em consideração, vimos à necessidade de desenvolver aulas que possibilitassem o ensino interdisciplinar.
Interdisciplinaridade é o conhecimento que passa de algo setorizado para um conhecimento integrado, onde as disciplinas interagem entre si, de acordo com o escritor Saviani. Ele explica que nesse tipo de experiência ocorrem interações recíprocas entre as disciplinas: troca de dados, resultados, informações e métodos. Não se trata, portanto, de justaposição de disciplinas, mas de um “processo de co-participação, reciprocidade, mutualidade, diálogo que caracteriza não somente as disciplinas, mas todos os envolvidos no processo educativo”, afirma.
Nesse contexto, podemos observar o quão importante e necessário é estar atento as dificuldades que o aluno demonstra no dia a dia, pois, muitas vezes, isso não estará ligado à falta de uma mera compreensão ao diálogo apresentado, ou afinidade diante do assunto, mas sim, pelo aluno não possuir um conhecimento escolarizado em determinada matéria.
Dessa forma, a partir da prática artesanal em conjunto com a área de matemática, afirmamos o aporte oferecido nos processos de construção do conhecimento de forma a contribuir para a percepção, produtividade a e criatividade. Firmamos assim, o quão importante é primar por um conhecimento abrangente, o qual faça com que o aluno obtenha um conhecimento mútuo e não setorizado.