A palavra empoderar hoje em dia é diretamente ligada ao empoderamento feminino, onda que vem tendo uma crescente repercussão com o passar dos anos, fruto de toda uma luta que vem ganhando cada vez mais poder e força, esse movimento tem como principal objetivo buscar a igualdade social, política, econômica e jurídica entre os gêneros. É difícil falar sobre mulheres e não citar sobre como o empoderamento vem nos ajudando a crescer, seja no âmbito profissional, social, amoroso ou pessoal.
O empoderamento é uma verdadeira onda que busca igualdade feminina, onde as mulheres são ensinadas desde cedo que são sim donas das suas decisões, de seus corpos, de suas vidas, de seus destinos. Como forma de exemplificar o modo como o empoderamento vem sendo ramificado e ganhando espaço até nos lugares mais difíceis de serem alcançados, irei relatar como ele vem ajudando a estimular a união entre as mulheres e as encorajando especificamente na arte.
As mães/acompanhantes da Casa de Apoio a Criança com Câncer Durval Paiva, são em suma mulheres de baixa renda, com baixa escolaridade, que moram no interior e semiárido do Estado do Rio Grande do Norte, esse fator contribui para que essas mães/acompanhantes não tenham muito espaço na sociedade, porém, isso vem mudando. No setor de artes da instituição é gratificante ver a mudança que as mães têm ao entrar e sair. Quando entram pela primeira vez em sala, essas mães entram acanhadas, reprimidas, vazias de vaidade, autoconfiança, autoestima e força de vontade. Após começarem a conviver com outras mães/acompanhantes, elas começam a entender sua atual situação, essas mulheres se juntam em prol de uma coisa só, lutar pela saúde de seus filhos, vão ganhando força e entendem que estão passando apenas por uma fase.
Após o acolhimento oferecido as essas mulheres por outras mães/acompanhantes que já estão na sala há algum tempo, essas mulheres começam a se interar sobre as atividades artesanais e, na maioria das vezes, elas rejeitam de primeira qualquer atividade que seja oferecida, com o bom e velho “eu não sei fazer” e recebe também nesse momento o apoio das outras mães e o conforto de que, não só ela, como as outras entraram em sala também sem saber desenvolver as atividades, mas que com o tempo e com disposição para aprender ela também iria conseguir, quer dizer, elas ajudam umas as outras a fim de uma causa maior, criar forças.
Ao longo de todo esse processo, após aprenderam algumas atividades artesanais, essas mães/acompanhantes começam a ser protagonistas de seus destinos, elevam sua autoestima e até começam a conseguir renda através da arte. Esse processo é muito gratificante, pois você vê uma mãe que tinha um discurso que: “- Ah professora, eu não nasci pra isso, meu negócio é arrumar a casa.”, “Eu não tenho jeito para isso, só gosto de lavar roupa mesmo.”, “Lá em casa só quem trabalha é meu marido mesmo, eu sou dona de casa.”, “Isso é coisa de mulherzinha”, dentro de todo esse discurso machista que elas acabam tendo de si, sem perceber, é gratificante ver o crescimento de cada uma.
Dessa forma, podemos mostrar que toda essa quebra de preconceitos, paradigmas, barreiras e machismos, estão diretamente ligados ao processo de encontro e desencontro que elas vão passar na descoberta do seu verdadeiro “eu”, onde param de viver a vida que lhes foi imposta, o que dá a elas a oportunidade de identificar seus desejos e descobrir o poder da escolha. Todo esse processo é muito importante, pois faz com que essas mulheres virem protagonistas de seus próprios destinos.
Patrícia Oliveira Araújo
Arte Educadora – Casa Durval Paiva.