Dando importância a diversidade cultural existente na sala de artes da Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, tendo em vista que as mães/acompanhantes assistidas pela instituição são de diversas comunidades que compõem o Semiárido do estado do RN, o qual abrange 147 municípios (Região Seridó, Alto Oeste, Mato Grande, Sertão Central, entre outras.), cada vez mais é abordado com o grupo sobre a cultura do RN, favorecendo o conhecimento de maneira abrangente sobre a multiculturalidade do nosso estado, não se restringindo apenas aos aspetos da cultura local ou específicos de cada município ou cidade.
A identidade cultural de um grupo é criada aos poucos e gradativamente, levando em consideração a vasta multiculturalidade que existe em sala e que cada aluna trás consigo uma expressão cultural que pode e deve ser explorada em seu trabalho artesanal, onde levantamos questões pertinentes as caraterísticas próprias do artesanato potiguar, como por exemplo, a necessidade de explorar a natureza tão diversa e rica do estado na produção das mães/acompanhantes.
Assim sobressaem questões como: O que é cultura para o grupo?; Artesanato é arte?; O que faz parte da cultura do RN?; Porque não são utilizados elementos da natureza no artesanato das mães?; Porque as mães não valorizam elementos próprios da sua cultura no desenvolvimento de seus trabalhos?. Essas questões são levantadas para que as mulheres entendam e reflitam de maneira crítica sobre o que estão produzindo, e que o artesanato deve refletir a origem de quem o produz e não apenas servir para a reprodução “mecânica” de trabalhos de outras localidades ou regiões, menosprezando, com isso, sua identidade e o seu valor cultural .
Todas entendem que para dar a devida importância a cultura nordestina e potiguar, primeiro elas tem que se valorizar enquanto pessoas e enquanto grupo, enaltecendo as características peculiares a sua história, sua gente, terra e cultura. A partir desse entendimento, é que elas tomam consciência do seu devido valor, fato que não será dado, voluntariamente, por outras pessoas, senão por elas mesmas.
A partir das reflexões apontadas, as mães começam a buscar outras referências que contribuam com o seu processo de trabalho, o que possibilita o desenvolvimento de outras técnicas, a troca de informações e habilidades individuais entre alunas e ainda permite que o grupo aos poucos evolua e aperfeiçoe as diferentes ferramentas utilizadas para o desenvolvimento das tarefas, favorecendo a consecução do processo da identidade do grupo e dos artigos a serem produzidos. Assim, as maçãs, uvas e peras foram substituídas por elementos presentes na cultura local potiguar como cajus e cajueiros, demonstrando assim, a importância do trabalho desenvolvido em sala para a construção de identidade cultural do grupo.
Patrícia Oliveira Araújo
Arte Educadora – Casa Durval Paiva.