O estilo de vida que levamos atualmente é de grandes desafios, sem tempo para quase nada, com inúmeras cobranças. Não paramos para pensar como realizamos as atividades, que funções elas representam nas nossas vidas, o que dificulta perceber que o ser humano é um ser ocupacional e que o seu tempo é preenchido por diversas ações como o trabalho, os estudos, os exercícios, a alimentação e o lazer. É impossível pensar no ser humano sem o uso de atividades. Para o profissional terapeuta ocupacional todas as ocupações humanas acontecem por uma necessidade individual de produzir, de fazer. O terapeuta possibilita ao paciente ser sujeito de sua própria história, capaz de mudar o rumo das coisas e de interferir na qualidade de sua vida mediante o seu fazer.
É importante considerar que o lazer faz parte da vida e que é imprescindível estar presente na rotina diária. Embora o lazer não seja visto como algo importante na vida das pessoas torna-se relevante a partir do momento que se constitui como possibilidade de realização pessoal, já que depende da própria escolha e interesse individual. Geralmente as atividades de lazer são desprezadas e não consideradas como uma forma de desenvolvimento da autonomia, de escolhas pessoais; ainda não são compreendidas como de fundamental importância, tanto quanto o trabalho, para as pessoas sem nenhuma patologia, como também para aquelas com algum comprometimento funcional, seja ele físico, social ou emocional.
No caso das crianças em tratamento do câncer, eles precisam se ausentar parcialmente da vida social, do contexto familiar, escolar, das amizades e passam a viver mais restritivamente, em ambiente hospitalar, com inúmeras internações e mudança na rotina. O ato de escolher e gerenciar a própria vida acaba sendo orientado por outras pessoas e os momentos de lazer ficam completamente prejudicados.
Na Casa Durval Paiva, por exemplo, nas manifestações culturais, como: Carnaval, Páscoa, São João, Dia das Crianças, Natal, dentre outras datas comemorativas, são proporcionados às crianças momentos de lazer, quando inseridas atividades que favoreçam sair do foco do tratamento e viver momentos prazerosos, onde os pacientes voltam completamente para aquele instante, com relevância à interação, às brincadeiras, as expressões, a criatividade, a espontaneidade, sendo uma forma também de facilitar a adesão ao tratamento e de contribuir para a formação do indivíduo como pessoa e como cidadão.
É preciso entender o desenvolvimento humano de uma forma ampla, como um todo e não em partes, neste caso, o objetivo do terapeuta ocupacional é oferecer ao paciente, significado em seus afazeres, como forma de desenvolvimento pessoal em busca de autonomia, independência e realização, com o objetivo de favorecer a autoestima e uma vida com mais qualidade, proporcionando assim, significado à sua existência.
Escrito por Lady Kelly Farias da Silva – Terapeuta Ocupacional – Crefito 14295-TO.