Ao falarmos sobre arte, independente de qual aspecto seja normalmente encontramos uma barreira, seja na discussão do assunto ou no desenvolvimento de suas práticas. No momento em que conversarmos sobre arte, a grande maioria das pessoas leva a discursos rasos de quem ao menos se dispôs ao mínimo de leitura sobre o assunto e nos deparamos com frases do tipo: “Arte não serve para nada”; “Arte é coisa de vagabundo”; “Arte é coisa de quem não tem o que fazer”, entre outras. Em contra partida, as pessoas que sabem um pouco sobre o assunto, a grande maioria, associa a arte diretamente, a saber, desenhar e pintar.
Na área da educação, a arte pode ser dividida em quatro categorias: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Dentro das artes visuais, as modalidades de atuação mais conhecidas são: desenho, pintura e escultura, porém, existe outra série de modalidades, segundo o PCN (Parâmetro Curricular Nacional) as áreas de atuação dentro dessas linhas mais tradicionais, como: gravura, arquitetura, artefato e desenho industrial e, nas modalidades mais atuais, que levam em consideração a modernização, os avanços da tecnologia e as transformações estéticas temos: a fotografia, artes gráficas, cinema, televisão, vídeo, computação e performance.
Para esclarecer sobre a transformação estética da arte, é importante entender seu significado, estética vem do grego “aisthésis”, que significa “percepção, sensação”. A estética é exercitada com os artistas com o intuito de que eles expandam sua percepção, sensibilidade e imaginação, na produção e apreciação dos trabalhos artísticos. Dessa forma, a estética irá mudar de acordo com as mudanças que ocorrem no mundo (tecnologia) e consequentemente isso irá influenciar diretamente no modo como os artistas desenvolvem seus trabalhos.
Levando em consideração essas informações, podemos observar que o artesanato não é citado em nenhuma dessas áreas de atuação, porém, não deixa de ser uma prática artística. Considerando a falta de esclarecimento sobre o desenvolvimento dessa atividade, falaremos sobre o ensino de práticas artesanais para adultos, que é um exemplo de arte educação.
Ao ensinar práticas artesanais como forma de arte-terapia para mães/acompanhantes de pacientes oncológicos e hematológicos da Casa Durval Paiva, por exemplo, a barreira inicial a se vencer é deixar que elas se permitam experimentar, por isso, nessa fase é muito importante trabalhar no aluno o desprendimento da arte em busca do belo, perfeito, pois muito provavelmente ele achará que seu trabalho não está bem feito ou bem acabado o suficiente para ser bom, portanto, não estará belo. Porém, o importante nesse momento é o fazer artístico, o desenvolvimento desta atividade. Nesse momento, o aluno deixa-se envolver pela ação da prática de um trabalho artesanal e não pelo fato dele ser bom ou ruim. Com a prática da rotina artesanal, o aluno passará a construir confiança, levando futuramente ao aprimoramento de seus trabalhos, fazendo com que conheça melhor as práticas realizadas para cada técnica, construindo assim, uma afinidade, uma rede de conhecimentos sobre esta modalidade.
Ao iniciarmos o desenvolvimento de uma atividade como o corte de um papel, por exemplo, se o aluno diante da vivência que possui, não tiver tido contato com essa prática em algum momento da vida, o simples corte de um papel em formato de coração, não será “perfeito”, porém, se for incentivado a desenvolver a atividade, mostrando que o primeiro corte de muitas pessoas inicialmente foi igual ao dele, mas com a prática aquele corte conseguiu ser aprimorado, isso faz com que o aluno não desenvolva um bloqueio pôr não conseguir realizar uma atividade ou pôr não conseguir executá-la inicialmente, concebendo ao aluno impulso e confiança para tentar outras vezes, e aperfeiçoar sua técnica.
Dessa forma, entende-se o quão relevante é o fazer artístico nas práticas educacionais e arte, e a importância de cativar o aluno para que ele fortaleça sua autoconfiança diante de novas modalidades e/ou atividades.