Quando a temática sobre o atendimento pedagógico hospitalar e/ou domiciliar surge, muitos questionamentos acerca da prática executada se expressam das mais diferentes maneiras.
A concepção da oferta da educação em um ambiente tão inóspito quanto um hospital ou pouco esperado quanto numa casa de apoio, causa certo estranhamento inicialmente. É possível? Como? Por quê? Para quê? São indagações corriqueiras ouvidas sempre que alguém adentra em uma classe hospitalar, principalmente, para os pacientes que serão beneficiados com este serviço ao longo de um tratamento médico sem previsão de término.
Nesse sentido, as respostas para tais indagações foram sendo elaboradas e são, continuamente, reelaboradas mediante a práxis profissional no cotidiano de atendimento educacional hospitalar.
O perfil de educandos que necessitam desse serviço requer do profissional a elaboração de estratégias que partem inicialmente da conquista e do convencimento tanto do aluno quanto da sua família. Não basta conscientizá-los acerca da garantia do direito à educação. É preciso elaborar uma prática pedagógica adequada ao público a qual se destina, para que a conquista se estabeleça e o desenvolvimento das ações seja efetivado até que o educando possa ser reinserido na escola regular após encerramento do tratamento médico.
O atendimento pedagógico nesse contexto ocorre em duas perspectivas: a individual e coletiva. A individual ocorre quando o trabalho é realizado diretamente com o aluno em tratamento médico hospitalar, sendo executado o currículo disponibilizado pela escola regular para cumprimento de atividades e avaliações que corroborarão para atribuição dos resultados quantitativos, necessários também para analisar a evolução educacional. A coletiva ocorre de modo a integrar e sociabilizar os educandos em sala de aula, retomando um pouco da sua rotina antecedente ao tratamento médico. Neste atendimento, são executados projetos pedagógicos temáticos, desenvolvidos com turmas multisseriadas e com faixa de idades distintas, através de grupos de trabalho.
No atendimento coletivo, a prática educativa executada nas classes da Casa Durval Paiva baseia-se na vertente da interdisciplinaridade, objetivando a dinamização na aquisição do saber. São elaborados projetos pedagógicos temáticos que envolvem as mais diversas disciplinas e áreas de conhecimento, na troca de informações sobre a mesma perspectiva, tornando a prática menos fragmentada e a aquisição do conhecimento mais significativa.
Com o trabalho interdisciplinar é possível envolver os educandos de maneira lúdica ao longo da aprendizagem sobre determinado conteúdo. A aprendizagem ocorre de forma leve e descontraída, sem que haja cobrança direta sobre uma área de conhecimento, o que facilita a compreensão dos conteúdos e a aceitação das aulas, apesar dos efeitos causados pelos procedimentos médicos diários.
Assim, essa perspectiva de trabalho é uma alternativa que colabora para a condução do atendimento educacional tanto no hospital, quanto na casa de apoio, pois envolve os educandos independentemente da sua idade ou nível educacional. Faz com que eles sintam vontade de participar das aulas, levantando hipóteses, criando alternativas, questionando sobre o que está sendo aprendido, fazendo relação com outras áreas de conhecimento. Vai ainda além, quando possibilita que a prática educativa também assuma uma vertente terapeutizante, promovendo o acesso ao conhecimento em paralelo ao tratamento médico, colaborando para a superação de dificuldades ocasionadas por tal.
Escrito por Gabriella Pereira do Nascimento – Coordenadora Pedagógica.