Quando pensamos no comprometimento escolar da criança e do adolescente, talvez não imaginamos o quanto essa dificuldade pode afetar a vida, seja por questões emocionais ou até mesmo sociais, comprometendo a interação e socialização, quando por exemplo, o paciente não deseja expor seus bloqueios na frente dos colegas, dando preferência ao isolamento. Não aceitando ajuda, portanto, não interage, o que dificulta a abordagem. Como consequência, além da dificuldade de acompanhar os colegas da mesma idade, existe a probabilidade de tornar-se inseguro, com autoestima baixa, apresentando prejuízo funcional nas atividades de vida diária, entre outros, o que desfavorece de certa forma os objetivos que se deseja alcançar, passando a ter a sua evolução escolar prejudicada.
Esses distúrbios se caracterizam por algumas particularidades que a criança/adolescente apresentam, por vezes de causa neurológica, ou mesmo por passarem um longo período de tempo em tratamento e necessitarem se ausentar da escola nessa fase. Nesse caso, a intervenção clínica do terapeuta torna-se importante para acompanhar o desenvolvimento e o desempenho ocupacional também na fase escolar, buscando por uma maior autonomia, juntamente com o apoio de uma equipe multidisciplinar, além do apoio familiar.
A escola é o lugar onde a criança tem a capacidade de aprender, formar conhecimento acerca dos mais diversos assuntos, onde terá também a oportunidade de socializar-se fora do ambiente familiar, desenvolver capacidades neurológicas, funcionais, físicas, emocionais, afetivas e cognitivas.
No apoio ao tratamento do câncer infanto juvenil o terapeuta ocupacional, com olhar holístico, ou seja, com uma visão sobre o paciente em todos os seus aspectos, pode ser atuante juntamente com as pedagogas da sala de apoio pedagógico, sendo mediador nesse sentido, ajudando a identificar/ analisar as dificuldades de cada criança e/ou adolescente, de forma individual, favorecendo a melhor forma de intervenção, que será realizada de acordo com as necessidades de cada um, visto que um paciente pode apresentar maiores dificuldades comparado a outro da mesma idade, devido ao seu contexto.
Durante as intervenções o terapeuta poderá realizar atendimentos tanto individuais como em grupo, utilizando o lúdico, como algumas brincadeiras, jogos e atividades que sejam leves, prazerosas, criativas e venham a favorecer a interação e ainda possibilitar alcançar os objetivos desejados. Durante essas atividades, outros elementos também passam a ser estimulados, como os aspectos cognitivos (atenção, concentração, resolução de problemas, sequenciamento lógico), as noções de cores e formas, a socialização e interação, a motricidade fina, dentre outros.
É necessário que o terapeuta ocupacional tenha a sensibilidade a ponto de perceber as reais necessidades, diagnosticar o causador de alguma dificuldade e intervir para que esse paciente passe a ter mais independência visando uma reinserção social posterior, com a autoestima mais elevada e mais segurança sobre si. Também se faz necessário, de forma humanizada, intervir e acolher o paciente, para que consiga a criação de vínculo, e assim ser possível acompanhar o progresso do paciente, não somente no aspecto escolar, mas também no que se refere a outros fatores, proporcionando uma vida com mais qualidade.