Ruana Raiza Da Silva
Nutricionista da Casa Durval Paiva.
CRN-6:17898
O Açafrão da Índia, ou “Cúrcuma” é uma planta da família do gengibre, sendo a raiz a parte mais utilizada na culinária e na medicina. No Brasil, principalmente em Minas Gerais e Goiás, é conhecida como Açafrão da Terra, Açafrão ou Gengibre Amarelo.
É no rizoma (caule ou raiz) da Cúrcuma que está o componente mais ativo da planta, a curcumina presente em 2 a 5% deste delicioso tempero. A curcumina comercial encontrada nos mercados a preços bem acessíveis.
A Cúrcuma contém três componentes que lhe confere a cor amarelo alaranjada: curcumina, demetoxicurcumina e bisdemetoxicurcumina. Ela é muito consumida na Índia, cerca de 100 mg/dia por habitante, como tempero. Estudos recentes mostram que podemos ingerir até 8 g/dia sem efeitos colaterais, entretanto há uma rápida absorção hepática e intestinal.
A cúrcuma tem sido utilizada na medicina tradicional da Índia, por mais de 6000 anos nas seguintes situações: desordens biliares, anorexia, tosse, feridas em diabéticos, males hepáticos, reumatismo, sinusite, etc. Recentemente, a literatura médica mostrou que a Cúrcuma possui os seguintes efeitos: anticancerígeno; aumenta o efeito da quimioterapia nas situações de resistência a múltiplas drogas, anti-inflamatório, reduz o colesterol, diminui a oxidação da LDL, Inibe a agregação das plaquetas, diminui o tamanho da trombose no infarto do miocárdio, previne doenças inflamatórias dos olhos, diminui as dores na artrite reumatóide, estimula a regeneração muscular, melhora a regeneração das feridas, cicatriza escaras, protege o fígado e rins de lesões tóxicas, diminui a formação de cálculo biliar e ainda diminui efeito nas doenças inflamatórias de intestino.
A curcumina possui uma série de efeitos na prevenção e no tratamento do câncer, suprime a proliferação de vários tipos de células tumorais in vitro: carcinoma de mama, carcinoma de cólon, carcinoma de próstata, melanoma, leucemia mielógena, entre outros. A curcumina interfere na proliferação celular maligna de várias maneiras e inibe os efeitos dos fatores de crescimento tumoral.
Bharat Aggarwal, bioquímico indiano-americano, estudioso dos efeitos da curcumina no câncer, afirma que a curcumina inibe o crescimento tumoral e induz a apoptose (uma forma de morte celular programada) de vários tipos de células malignas com mecanismos semelhantes à maioria dos agentes quimioterápicos, porém sem efeito prejudicial sobre as células. Nos Estados Unidos, são comuns o câncer de mama, de cólon, de próstata e de pulmão, o que não acontece na Índia, onde é alta a ingestão de cúrcuma. Observou-se aumento da incidência de câncer de cólon em imigrantes da Índia vivendo nos Estados Unidos, o que mostra o valor da dieta como fator quimiopreventivo.
Apesar de não existir formas de prevenção para o câncer em crianças e adolescentes, na dieta fornecida aos pacientes acolhidos na Casa Durval Paiva, inserimos o açafrão pelo menos uma vez por semana. O produto e usado como tempero em diversas preparações, como por exemplo; arroz, carnes e molhos. Mesmo deixando uma cor amarelada no alimento, o açafrão é bem aceito pelo sabor, sendo importante ressaltar o uso desse tempero pelo seu alto teor medicinal anti-inflamatório.