O câncer é definido como um crescimento desordenado de células que se multiplicam rapidamente, determinando a formação de tumores que podem invadir outros tecidos e órgãos por disseminação direta e/ou pelas vias linfáticas e sanguíneas. A descoberta dele pode trazer o medo da dor, do sofrimento, da mutilação e a insegurança em relação ao futuro devido ao risco de morte. Embora o tratamento do câncer ainda seja bastante temido, ele tem apresentado um progresso nas últimas décadas.
O medo da dor é um dos acontecimentos mais temidos e uma das queixas frequentes entre pacientes com câncer. Nas fases avançadas da doença, a dor geralmente é descrita como insuportável. O conceito comumente referido pela literatura sobre dor é o da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), que entende a dor como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada à lesão real ou potencial dos tecidos.” O conceito de dor varia de acordo com as vivências anteriores, ela é uma experiência subjetiva, mediada por fatores físicos, sociais, psicológicos e culturais que requer cuidado integral de diferentes profissionais da área da saúde.
Observamos junto às crianças e adolescentes assistidos na Casa Durval Paiva que a dor é sentida pela maioria dos pacientes durante o tratamento oncológico, bem como, é um dos fatores que dificultam a qualidade de vida deles e, por isso, necessitam de muita atenção e cuidado. Existem diversos recursos utilizados no manejo da dor, o principal deles é a terapêutica medicamentosa, que possibilita o controle do sintoma. Há também as terapêuticas alternativas e complementares, as quais não substituem os tratamentos convencionais prescritos (medicamentosos), mas são utilizadas de forma concomitante.
Além das massagens e das atividades físicas, existem os métodos cognitivos, os quais são procedimentos psicológicos que visam o ensino do controle de intensidade, frequência e duração da dor pelo paciente. Alguns exemplos são: o relaxamento e distração dirigida, com o objetivo de diminuir a ansiedade e a tensão muscular; a imaginação dirigida visa desviar a atenção de um procedimento doloroso; respiração profunda e biofeedback. Outra possibilidade terapêutica alternativa para o controle da dor são os grupos educativos, a qual é uma intervenção que visa informar e educar os pacientes e cuidadores sobre quais são os mecanismos de funcionamento da dor, as possíveis atitudes de autocuidado e a importância de ter uma boa adesão aos tratamentos indicados para cada caso. Essas técnicas são exemplos que podem proporcionar momentos de alívio da dor, distanciamento da realidade e aumento da consciência corporal.
Vale lembrar que há o conceito de Dor Total, criado por Cicely Saunders, que considera que a pessoa sofre pelas consequências emocionais, sociais e espirituais da exposição à experiência de dor. Para Saunders, o componente físico da dor pode ser modificado sob a influência desses outros fatores.
Fonte Bibliográfica:
Arantes, A. C. L. Q. (2008). Dor e câncer. In V. A. Carvalho (Org.), Temas em Psico-Oncologia (pp. 287-293). São Paulo: Summus.
Laíse Santos Cabral de Oliveira
Psicóloga – Casa Durval Paiva.
CRP 17-3166