Entende-se por inserção social, inserir algo na sociedade. Mas, como inserir algo que propriamente já está inserido? Ao trabalhar o artesanato de forma artística com mães e acompanhantes de pacientes oncológicos e hematológicos na Casa Durval Paiva, devemos ter a sensibilidade para compreender que essas mulheres foram retiradas de seus meios sociais para viverem única e exclusivamente em função do tratamento de seus filhos, mulheres que deixaram suas vidas de lado em prol de algo mais importante, a convivência com seus filhos. Tentar mudar a realidade de um indivíduo é algo bastante difícil, imagine mudar a realidade nesse contexto? Com uma mãe fragilizada, sua rotina familiar conturbada e seu filho em um tratamento oncológico.
Porém, ao tentar fazer essa inserção social, primeiramente é preciso saber da realidade de cada indivíduo, saber se ela pode ser mudada e se temos capacidade de transformá-la. Entende-se o quão difícil é para o ser humano treinar o olhar para entender, ver e identificar as diferentes formas de se compreender determinadas situações. O ser humano é por natureza um ser pensante e por consequência, um formador de opiniões. As formas que o indivíduo tem de se articular advêm de sua vivência de mundo, cultura e educação.
Ao falar sobre educação, estou me referindo ao efeito ou ação de educar, aperfeiçoar as capacidades intelectuais e “valores sociais” dos seres humanos. Esse processo pode advir do seu conhecimento de mundo, sua cultura – crenças, arte, leis, moral, costumes e quaisquer outras capacidades – ou da sua educação escolar. A educação escolarizada pode ser vivenciada em dois espaços: o escolar (formal) e o não escolar (não formal).
Segundo os escritores TRILLA e GHANEM, a educação formal compreenderia “o ‘sistema educacional’ altamente institucionalizado, cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado, que vai dos primeiros anos da escola primária até os últimos da universidade”; a educação não formal, “toda atividade organizada, sistemática, educativa, realizada fora do marco do sistema oficial, para facilitar determinados tipos de aprendizagem a subgrupos específicos da população, tanto adultos como infantis; e a educação informal, “um processo, que dura a vida inteira, em que as pessoas adquirem e acumulam conhecimentos, habilidades, atitudes e modos de discernimento por meio das experiências diárias e de sua relação com o meio.
Ao trabalhar a arte como ferramenta de inserção social na Casa de Apoio, entende- se que esse trabalho é desenvolvido em um espaço de educação não formal, que é a vertente da educação que utiliza outros espaços, que não a escola, para se desenvolver o processo de educação.
O desenvolvimento da inclusão social por meio da arte ocorre quando as mães são convidadas a participar de um processo criativo, onde não existe a preocupação em formar artistas. O trabalho é realizado com intuito de desenvolver a percepção, observação, raciocínio e a imaginação, que são campos muito trabalhados na execução de trabalhos artísticos.
Através das práticas artísticas, temos como objetivo resgatar nessas mães e acompanhantes o aumento da autoestima, o trabalho em grupo e a sensação de aceitação e pertencimento, dando a elas assim a condição de se sentirem socialmente inclusas.
Referência:
(2008 apud COOMBS E AHMED, 1975, p.27)
Patrícia Oliveira Araújo
Arte Educadora – Casa Durval Paiva