A arte pode e deve ser vista como fator de complemento nas diversas formas de desenvolver aprendizagens ligadas a diferentes áreas do conhecimento. Desenvolver potencialidades requer, além de esforço e talento por parte do educador, compromisso político e ético. Para bem educar é preciso compreender as necessidades específicas de cada educando, e quando se trata de grupos especiais, é necessário que o educador se supere, buscando meios e mecanismos que atenda o perfil de cada necessidade.
Oportunizamos dentro das atividades da Casa Durval Paiva um espaço para que as mães e acompanhantes possam vivenciar a Arte como possibilidade de transformação, utilizar seu potencial criativo, deixar emergir as emoções e fazer disso uma atividade transformadora em suas vidas.
As mães dos pacientes assistidos pela Casa encontram-se num estado de fragilidade emocional, ocasionada pelas incertezas de possibilidade de cura de seu filho, pela rotina de hospital, exames, possibilidade de recaídas, responsabilidades domésticas e com os demais filhos, esposo, e ainda tendo que estar totalmente disponível ao tratamento do seu filho.
De acordo com o acompanhamento do setor de Psicologia e Serviço Social da Instituição, As mães geralmente sentem-se discriminadas pela sociedade em geral e pela sua própria família. Enfrentam ao mesmo tempo a doença e os preconceitos. A perda da rotina de suas atividades laborais também faz com que se sintam improdutivas, pois não podem ter um trabalho fixo e formal, apresentam problemas como baixa autoestima e, por vezes, se anulam enquanto mulher. Por ser provedora de famílias numerosas, característica comum as famílias nordestinas, sentem-se inseguras em deixar, por tempo indeterminado, seus demais filhos sob a responsabilidade do esposo e demais familiares, e até com conhecidos ou vizinhos, ocasionando uma desestruturação familiar, visto que essa mulher é geralmente a protagonista da família, condutora das decisões e atividades.
As mães possuem um alto grau de analfabetismo, sendo em grande maioria trabalhadoras rurais, num contexto de agricultura de subsistência, sendo sua mão de obra necessária para o bem estar da família.
O trabalho com Artes e artesanato contribui para proporcionar melhores condições de vida a estas mães e seus familiares, capacitando-a em Oficinas de Artesanato Popular e orientações sobre cidadania e cooperativismo. Aliado a um viés Terapêutico, retomada de rotinas laborais e de inclusão produtiva.
Essas mães, após as capacitações, irão produzir seus artesanatos nos grupos de trabalho, que acontecerão na Instituição, nos hospitais de referência onde os atendimentos de seus filhos são realizados e em suas próprias casas. Contribuindo para o aumento da autoestima, para o resgate de valores morais e minimizando os impactos sociais do câncer infanto juvenil.
Trazer para essas acompanhantes com realidades culturais tão distintas, a vivência de cores e expressividade é uma oportunidade ímpar de sentir a força transformadora da Arte com indicadores na melhoria da autoestima, da qualidade de vida e do desenvolvimento da criatividade, dos talentos pessoais e das potencialidades.
Escrito por Anna Karenina Gomes de Queiroz.