Embora hoje em dia vivamos em um mundo quase que em sua totalidade capitalista, alternativas de rentabilidade vêm surgindo para beneficiar as classes menos favorecidas, como por exemplo, a economia solidária, a qual defende em seus fundamentos: a igualdade, a solidariedade e a autogestão. Essa prática surgiu como forma de favorecer a formação de microempreendimentos na produção artesanal e na organização de cooperativas de trabalho.
A economia solidária, geralmente é praticada por trabalhadores do meio rural e urbano, que, diante das incompatibilidades do mundo capitalista, vivem processos de exclusão social. Por não conseguirem inserirem-se neste padrão social, eles acabam vivendo de maneira precária, isto é, não conseguem ter acesso aos direitos sociais necessários para viver com dignidade e cidadania.
Uma experiência que tem dado certo é a utilização dos princípios da economia solidária na Casa de Apoio à Criança Com Câncer Durval Paiva, que assiste as mães/acompanhantes das crianças e adolescentes em tratamento oncológico ou hematológico. Através do setor de artes, a Casa de Apoio vem desenvolvendo atividades que possibilitam às mulheres desviarem o foco do tratamento contra o câncer e, em contra partida, desenvolverem aptidão para diversas técnicas do artesanato.
Os trabalhos desenvolvidos no setor têm como objetivo utilizar o espaço para a interação, integração e socialização das mães/acompanhantes, ajudando-as a ver o artesanato mesmo que a princípio ‘amador’, como mediação alternativa para a rentabilidade, visto que essas mães tem sua renda cessada ao acompanhar seus filhos no tratamento contra o câncer.
Ao praticarem os princípios da economia solidária no setor de artes, as mães/acompanhantes da instituição têm tido a oportunidade de desenvolver de forma cooperativa os artesanatos em sala de aula. Em razão dessas mulheres terem uma rotina muito pesada diante o tratamento dos filhos, não conseguem se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento de seus trabalhos.
Em contra partida, trabalhando de forma cooperativa, onde os propósitos e interesses são desenvolvidos de forma conjunta, buscando a obtenção de um resultado comum a todas, as mães/acompanhantes ajudam umas às outras, fazendo com que os trabalhos não sejam cessados. Mesmo que uma mãe porventura não tenha tido a oportunidade de finalizar seu trabalho, outra acompanhante desenvolve este artesanato de forma voluntária, pois todas buscam o bem comum.
Dessa forma, as mães/acompanhantes aprendem um novo ofício que lhes resgata a dignidade, reinsere no mercado de trabalho, como também, ajuda a serem protagonistas de seus destinos.
Patrícia Oliveira Araújo
Arte Educadora – Casa Durval Paiva.