O diagnóstico de câncer causa um ‘choque’ não só para o paciente mas também para a família que passa a sofrer mudanças de caráter social, econômico e cultural, exigindo da família uma reorganização do cotidiano para se fazer presente no tratamento e cuidados que a doença impõe. A maioria das famílias não aceita nem ouvir a palavra câncer, por ser estigmatizada pela sociedade e por pensar que é uma doença que mencionada pode ser atraída e remeter à morte. Há bastante dificuldade de aceitação do diagnostico, tratamentos e limites que a enfermidade exige, sendo importante ressaltar que quanto mais agressivo for o câncer maior é a resistência.
É necessário destacar que o grupo familiar diz respeito a todos aqueles que moram sobre o mesmo teto. A composição desse núcleo perpassa sobre diversas formações familiares estando além do padrão de família que se constitui por pai, mãe e filhos. A família contemporânea passa a apresentar novos arranjos condicionados a mudanças sociais, econômicas e culturais pertinentes a globalização, onde segundo Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) 40% das famílias são chefiadas por mulheres que estão responsáveis pelo provimento do grupo familiar.
Questões sociais de cunho socioeconômico, familiares e culturais dos pacientes e familiares ampliam a vulnerabilidade social que a doença estabelece devido ao impacto triplo: do diagnostico; financeiro, por um dos responsáveis ter que sair do emprego para cuidar do paciente e, por fim, o tratamento que muitas vezes é doloroso e longo, reproduzindo mudanças psíquicas, sociais e físicas nos enfermos e/ou familiares.
É relevante dizer que os profissionais que trabalham no segmento da oncologia têm como ponto primordial voltar a atenção também às famílias dos enfermos, entendendo a complexidade de cada diagnóstico e singularidade de cada pessoa. Historicamente, o Serviço Social tem foco no trabalho com a família e como objeto de trabalho a intervenção com o grupo familiar, já que é o alicerce de formação de caráter e opinião da criança e do adolescente.
Cabe ao assistente social, avaliar as condições sociais, culturais, socioeconômicas dos pacientes e seus familiares, buscar saber qual o papel do enfermo no grupo familiar, como a família se organiza, bem como, as dificuldades frente ao diagnóstico. Essa análise permite delinear as questões singulares de cada família, que perpassa o processo saúde, doença e tratamento, possibilitando ao Serviço Social intervir com o aporte de direitos sociais, políticas públicas e a rede sócio assistencial caso seja necessário.
Portanto, o paciente e a família devem ser reconhecidos pela equipe multidisciplinar como sujeitos corresponsáveis legais pelo processo de tratamento, sendo respeitadas sempre as particularidades do arranjo familiar, a vulnerabilidade social e as questões emocionais, culturais e financeiras.
Escrito por Larissa Gregório Rocha – Assistente Social – CRESS/RN 4793.