Para os alunos, o fato de estarem em tratamento médico não os impede de estudar, brincar, jogar e construir. O atendimento Escolar Hospitalar/Domiciliar não deve ser visto como uma forma de ocupar os pacientes, mas como um direito que eles têm de continuar estudando, mesmo não dispondo dos meios comuns, como na escola regular.
Segundo o documento de orientação para o serviço nas classes hospitalares e domiciliares, tem direito ao atendimento escolar os alunos do ensino básico internados em hospital, em serviços ambulatoriais de atenção integral à saúde ou em domicílio; alunos que estão impossibilitados de frequentar a escola por razões de proteção à saúde ou segurança abrigados em casas de apoio, casas de passagem, casas-lar e residências terapêuticas.
Através do trabalho desenvolvido pela Sala de Apoio Pedagógico (SAP), na Casa de apoio e no hospital de referência é possível a promoção do desenvolvimento integral de crianças e adolescentes de diversas faixas etárias, na perspectiva de minimizar as perdas educacionais ocasionadas pelas dificuldades de acesso à escola ou pelo afastamento escolar total/parcial devido ao tratamento oncológico ou hematológico crônico.
As atividades desenvolvidas nas classes hospitalares/domiciliares ajudam no processo de desenvolvimento da autonomia e independência necessárias aos alunos/pacientes, resgatando, dentro do possível, sua rotina e levando ânimo para enfrentar as dificuldades ocasionadas pelo tratamento médico.
Em virtude da descoberta do câncer ainda nos primeiros anos de vida, tem-se, por exemplo, crianças que tem na classe hospitalar sua primeira experiência escolar. Outros, em processo de alfabetização, adquirem as habilidades de leitura e escrita por meio do atendimento pedagógico no hospital e na casa de apoio, os adolescentes (fase mais difícil de aceitação do atendimento pedagógico) dão continuidade aos estudos buscando referência para um futuro promissor com vistas à profissionalização e a imersão no ensino superior. Além disso, ainda é efetivado o resgate dos alunos que já eram advindos de um processo de fracasso escolar, mas que buscavam na Educação de Jovens e Adultos o resgate da sua escolarização; com o atendimento pedagógico hospitalar/domiciliar conseguem dar continuidade a ele, não sendo a doença mais um fator provocador de sua desistência.
Nesse sentido, através de atividades pedagógicas interdisciplinares de estímulo à aprendizagem, propicia-se o resgate pelo conhecimento de mundo despertando a necessidade do saber, a busca pela participação efetiva das rotinas de atividades, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, além de garantido o direto básico à educação prevista na Constituição Federal do Brasil de 1988 e, quando obtido sucesso no tratamento médico, oportuniza a reinserção escolar do aluno/paciente atendido.
Assim, a partir do trabalho realizado numa perspectiva essencialmente lúdica e interdisciplinar, nota-se a importância do atendimento pedagógico hospitalar/domiciliar. Além da promoção de um direto básico do cidadão a educação, amplia sua atuação através de uma prática terapeutizante, o que possibilita a reinserção social numa perspectiva inclusiva, oferecendo a esta criança/adolescente a oportunidade de retomar o mínimo da sua rotina para além do tratamento médico hospitalar.
Escrito por Gabriella Pereira do Nascimento – Coordenadora Pedagógica.