Soraya Mendes Guimarães
Assistente Social da Casa Durval Paiva.
Uma equipe multiprofissional é um grupo com diferentes especializações funcionais que juntam seus saberes multidisciplinares e trabalham em conjunto para alcançar um objetivo comum. Quando acontece o diagnóstico do câncer infantojuvenil, uma série de impasses, dúvidas e incertezas se apresentam à família do paciente. Os medos dos pais e da própria criança ou adolescente manifestam-se das formas mais variadas. A criança e o adolescente atravessarão um tratamento que envolve muitos procedimentos que são desconhecidos e, por isso, tornam-se muitas vezes assustadores. Cabe aos profissionais, dentro da sua área de conhecimento, acolhe-los, esclarecendo o que for possível, para que o nervosismo dê lugar ao conhecimento do tratamento e seja criado um vínculo em que o querer, os desejos e os medos dos pacientes, bem como os de seus pais, possam ser expressos.
Na Casa Durval Paiva a equipe multiprofissional é formada por assistentes sociais, psicóloga, dentistas, farmacêutica, nutricionista, pedagogas, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta que atuam diariamente do tratamento do paciente. Inicialmente, cada profissional avalia a condição de saúde das crianças e adolescentes com o propósito de contribuir para evolução do tratamento. Após avaliação inicial, a equipe se reúne e discute cada caso para definir as estratégias de atuação, assim, as crianças e adolescentes são vistas na sua totalidade buscando uma forma humanizada e eficaz de enfrentar o tratamento oncológico. Essa equipe mantém uma estreita relação com a equipe médica e técnica do hospital de referência que subsidia todas as decisões complementares ao tratamento.
É importante oferecer à criança e ao adolescente um vínculo por meio da atenção que damos às suas perguntas. Assim, eles se sentem seguros para manifestar suas incertezas, ansiedades, medos, angústias e mal-estar frente a tantas mudanças causadas pelo tratamento. Os pais podem encontrar nos profissionais da equipe multiprofissional apoio para construir recursos e respostas com seus filhos, bem como, tratar os próprios medos e ansiedades. Os pais devem ser acolhidos e incluídos junto à equipe multiprofissional, como parceiros preciosos do cuidado dos próprios filhos.
Uma conversa franca pode ter efeitos importantes de apaziguamento da angústia, seja para os pais e/ou para a própria criança ou adolescente. A rede de suporte social e a escola, por exemplo, também funcionam como importante recurso no tratamento oncológico infantojuvenil.
Observamos que um cuidado particularizado, através do conhecimento da história de vida daquela criança ou adolescente e de sua família, produz efeitos que dão mais qualidade ao cuidado e proporciona maior adesão ao tratamento.
É importante lembrar que é preciso respeitar o limite da criança ou do adolescente e acolher seus questionamentos ao longo de todo o processo de investigação diagnóstica e tratamento, conversando sobre o que desejar saber, porém com a linguagem adequada ao seu desenvolvimento. Cabe ressaltar que devemos estar atentos aos momentos em que a criança parece não querer saber do próprio tratamento. Isso pode ser um indicativo de que devemos lançar mão de outros recursos, tais como: brincadeiras e os jogos, para através desses recursos lúdicos, falar com ele ou ainda acolher o seu silêncio.
Assim, podemos constatar que a escuta, o acolhimento e a ação de uma equipe multiprofissional comprometida podem fazer toda a diferença no tratamento oncológico infantojuvenil.