As crianças e os adolescentes com câncer enfrentam durante o tratamento longos períodos de internações, interrupção das atividades sociais, dor, sofrimento e o medo da morte. É fundamental que os profissionais envolvidos com o tratamento e reabilitação dos pacientes sejam capacitados e tenham um bom relacionamento com o paciente e sua família para compreender suas queixas e tomar as medidas necessárias.

A dor é uma das principais queixas de crianças e adolescentes com câncer. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 70% dos pacientes sentirão dor ao longo do tratamento clínico. A dor do câncer pode ser devida ao tumor primário ou suas metástases, ao tratamento e aos métodos de investigação. Apesar de ser algo subjetivo, é possível mensurar a dor através de questionários e escalas. Pode-se mensurar a intensidade da dor através de uma escala numérica que varia de 0 a 10, onde o 0 corresponde a ausência de dor e 10 a uma dor insuportável. Para crianças, pode-se utilizar uma escala com expressões faciais para que ela identifique a expressão que melhor lhe representa quando está com dor.

A presença de dor pode diminuir a movimentação física e levar à “síndrome da imobilização”, que compromete a amplitude de movimento, o condicionamento físico, a força muscular e a flexibilidade.

A Fisioterapia desempenha um papel importante no controle e diminuição da dor através da utilização de métodos e técnicas específicos, conforme podemos constatar no atendimento aos pacientes da Casa Durval Paiva. A estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS) é uma das modalidades utilizadas para reduzir a dor. A corrente elétrica produzida consegue impedir que as mensagens de dor sejam transmitidas ao cérebro, o alívio pode durar algumas horas e pode ainda reduzir de forma significativa a quantidade de analgésicos e, consequentemente, seus efeitos colaterais.

Outra modalidade utilizada é a aplicação local de calor ou frio (compressas de gelo). O calor aumenta o fluxo sanguíneo e relaxa a musculatura. Já o frio diminui o fluxo sanguíneo, o inchaço e reduz a velocidade de condução do nervo que leva os estímulos de dor ao cérebro. Técnicas de massagem podem ser utilizadas para promover relaxamento muscular e conforto. Todos os recursos para diminuir a dor são utilizados também na fase terminal, onde o objetivo principal é promover conforto e qualidade de vida.

As crianças e adolescentes com câncer que são atendidas na Casa são beneficiadas com todos esses recursos para tratar e aliviar as dores e ainda são orientados a tomar medidas preventivas para que não tenham piora do quadro doloroso. Informar a criança e o adolescente sobre a causa da dor e o que é possível fazer para diminuí-la é importante para que tenham confiança e colaborem com o tratamento.

O profissional Fisioterapeuta e os demais integrantes de uma equipe multidisciplinar que cuidam de crianças e adolescentes com câncer devem estar sempre atentos às queixas desses pacientes e tomar medidas efetivas para diminuir a dor e acima de tudo melhorar a qualidade de vida.

Escrito por Cinthia Moreno.