Sandra Fernandes da Costa
Coordenadora Pedagógica da Casa Durval Paiva
O campo profissional da educação, no contexto de classe hospitalar e domiciliar voltada para o público infantojuvenil em tratamento oncológico, está inserido na modalidade de ensino Educação Especial. Rever e readaptar são uma constante no fazer do professor da Classe Hospitalar e Domiciliar, o que exige criatividade e dinamismo por parte do mesmo.
Esta proposta visa cumprir duas funções importantes em meio ao tratamento de crianças e adolescentes em situação de adoecimento: melhora a qualidade de vida dos alunos em situação de internação, contribuindo para uma recuperação mais rápida e também dar continuidade as atividades enviadas pela escola, para que o aluno não tenha grandes prejuízos com o seu afastamento em virtude do tratamento oncológico.
Nas Classes Hospitalar e Domiciliar da Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, o acompanhamento educacional é realizado de forma multi/inter/transdisciplinar, ou seja, são áreas diferentes que necessitam ser abordadas de forma integrada, por se tratar de um ambiente frequentado por um público com várias idades e séries, sem frequência fixa, ou seja, mutisseriado.
Diante disso, a prática pedagógica em sala de aula tem a finalidade de recuperar a socialização dos alunos por um processo de inclusão, garantindo continuidade a sua aprendizagem. Para melhor atender as necessidades dos pacientes/alunos, esse trabalho é realizado possibilitando maior vínculo com a escola, através dos conteúdos e atividades avaliativas enviadas, bem como a execução dos projetos pedagógicos temáticos contextualizados a partir dos conteúdos curriculares.
Nesse contexto, é preciso romper na verdade com o ideal da homogeneidade da turma e também com as aulas centradas na exposição do docente que ensina a todos como se ensinasse a um só. As rotinas diárias na sala de aula das classes hospitalar e domiciliar são complexas e singulares e nos obrigam a uma compreensão ampliada dos processos de ensino e aprendizagem em uma perspectiva colaborativa e que desenvolva a autonomia dos estudantes.
É importante ressaltar os benefícios do trabalho desenvolvido nessas classes, onde o ambiente heterogêneo colabora para inovação pedagógica. Além disso, estudantes de idades e saberes diferentes têm a oportunidade de aprender também uns com os outros.
Todo esse contexto é permeado pelo grande desafio do professor atuante nessa modalidade de ensino, em fazer adaptações metodológicas que precisam ser realizadas a todo instante. A formação de um grupo novo a cada dia requer um planejamento flexível e a construção de estratégias diversificadas, que respeitem o ritmo, a idade e o desenvolvimento de cada um dos alunos e possam fazer com que a sua aprendizagem seja constante e significativa.