Desafios na interação com o paciente com câncer
Soraya Mendes Guimarães
Assistente Social – Casa Durval Paiva
CRESS/RN 1249
O tratamento da criança e adolescente com câncer visa fundamentalmente buscar a cura e diminuir as sequelas. Com esse objetivo se faz necessário o apoio psicossocial para que a criança/adolescente possa viver e conviver normalmente junto a sociedade. O serviço social, dentro da equipe multidisciplinar, contribui como facilitador das relações entre paciente, família e rede de assistência.
A partir do conhecimento de seus valores e necessidades, o assistente social desenvolve e amplia a possibilidade da criança e seus familiares viabilizarem soluções para seus problemas sociais, proporcionando uma relação de confiança, que é fundamental para minimizar os conflitos e perdas, que normalmente ocorrem durante o tratamento do câncer infantojuvenil.
Através de situações culturais, ambientais, pessoais e financeiras são identificados os problemas que possam interferir no tratamento. Assim, é possível desenvolver um processo constante de assistência durante o mesmo, visando maior conforto emocional e físico, bem como, à vida social e ocupacional o mais próximo da normalidade, dadas as condições impostas pela doença.
É necessário tratar o paciente oncológico como uma pessoa comum, e não como alguém a ser temido ou evitado, procurando ouvi-lo, envolvendo-o no processo de tomada de decisão. Só assim, ele se sentirá mais forte para vivenciar todo esse processo de mudança. Acreditamos que, para o profissional e paciente atingirem seus objetivos, é necessário um amplo conhecimento de ambas as partes. E é através da comunicação, do diálogo, da troca de informação, que se pode instaurar uma relação verdadeira, adquirindo-se conhecimento, confiança, respeito mútuo, evitando-se assim distorção no que se deseja comunicar.
É fundamental que o assistente social estabeleça com o paciente um bom relacionamento, a fim de que possa conhecê-lo em sua totalidade. É preciso também estar presente como uma pessoa total, ampliando a capacidade para compreender, responder e se relacionar. Quando assim acontece com o profissional e paciente, a relação que se estabelece é, antes de tudo, uma relação de ajuda, um encontro de pessoas, uma relação orientada por exigências precisas, existentes antes do próprio encontro.
Esta é uma relação que deve envolver toda a personalidade do profissional a nível consciente, inclusive do paciente, um relacionamento que não deve se realizar apenas a nível intelectual, mas também, no afetivo; isso é empático. É importante tanto o profissional, como o paciente, apresentar-se o mais espontaneamente possível, respondendo, ambos, as suas necessidades recíprocas, com todos os aspectos de sua própria natureza, como mente, intuição, sabedoria, sentimento e compaixão, utilizando todos os recursos humanos para atender e favorecer o processo de cura. É importante também conhecer o potencial e limitação de cada um, para favorecer a mediação das relações e melhor atender as demandas e suas peculiaridades.
Ser assistente social na Casa de Apoio à Criança com Câncer é antes de tudo lutar por uma causa apaixonante. É ver o quanto nossos pacientes, crianças e adolescentes, são fortes, como tem garra para enfrentar todo o tratamento. É criar laços, amizade, respeito e carinho mútuo. É lidar, em alguns momentos, com perdas, mas, acima de tudo, é sentir e perceber que a cura é possível.