Keillha Israely
Assistente Social – Casa Durval Paiva
CRESS/RN 3592
Em pleno século XXI, com o avanço da tecnologia e da ciência, ainda existem pessoas que veem o câncer como castigo, sentença de morte e algo que não pode nem ser falado, para não ser atraído. Cotidianamente, ainda há muitas dificuldades apresentadas por pacientes e familiares em aceitar o diagnóstico de câncer. Muitos não falam nem mesmo o nome, referem-se como “C.A” ou àquela doença.
A partir de algumas destas situações, como falta de compreensão sobre o tratamento, negação do diagnóstico e recusa em falar sobre a doença, o profissional se questiona: Tal dificuldade é resultado da falta de informação, negação ou defesa, para lidar com uma doença tão carregada de estigmas e estereótipos?
No primeiro momento, o do diagnóstico, são tantas as informações que, muitas vezes, não é possível nem compreender o real contexto do tratamento. As dúvidas e questionamentos ficam silenciados diante da confirmação da doença, pois o peso que o câncer carrega é notório. Algumas famílias se calam diante do médico e posteriormente vão esclarecendo as dúvidas.
Por diversas vezes, após o diagnóstico e no momento do cadastro da Casa Durval Paiva, os responsáveis e acompanhantes questionam o serviço social: Ele tem aquela doença mesmo? O cabelo vai cair? Esse tratamento vai durar? Dúvidas que são esclarecidas ao longo do tratamento, por toda a equipe multidisciplinar, em uma parceria entre o hospital e a casa de apoio.
Após o diagnóstico e encaminhamento para casa de apoio, ainda há famílias que escondem ou, pelo menos, tentam esconder de todas as formas, que estão enfrentando um tratamento contra o câncer, seja para evitar curiosidade, olhar de pena, julgamento, como se os pacientes oncológicos fossem moribundos condenados à morte.
Entretanto, isso não é algo fácil, pois o tratamento acarreta mudanças significativas e visíveis a todos, a perda do cabelo, por exemplo, é uma das principais características, acompanhado de emagrecimento ou aumento repentino de peso. Trata-se de algo quase impossível de esconder, diante de sequelas visíveis e invisíveis, mas que são duras.
É um desafio, para toda a equipe da Casa Durval Paiva, acolher e ajudar pacientes e seus familiares a lidarem com questões tão delicadas. Porém, a instituição atua numa perspectiva multidisciplinar, a fim de fortalecer tais sujeitos, para que estes enfrentem e derrubem as barreiras, que surgem com o diagnóstico de câncer. O primeiro passo é o acolhimento, através de uma escuta qualificada, onde já se busca sanar dúvidas e romper com essa visão preconceituosa sobre o câncer, através da informação e interação entre as famílias.