Estratégias nutricionais nos sintomas do tratamento do câncer

Estratégias nutricionais nos sintomas do tratamento do câncer

Estratégias nutricionais nos sintomas do tratamento do câncer

As principais terapias utilizadas no tratamento do câncer são a quimioterapia, radioterapia, cirurgia e o transplante de medula óssea. Seja no câncer em adultos ou em crianças e adolescentes, será o mesmo tipo de tratamento. De acordo com o tipo de câncer e seu estadiamento – sistema de classificação que descreve o grau de infiltração do tumor, localização, se está afetando outras partes do corpo, etc. – é indicado um tipo de terapia ou uma combinação delas, sempre pensando na forma mais eficaz de combate às células malignas e maior possibilidade de cura.

No entanto, apesar de serem terapias de combate ao câncer, elas apresentam diversos efeitos colaterais que, se não forem dadas às devidas orientações e estratégias, podem se tornar mais um agravante à saúde do paciente, afetando diretamente a aceitação alimentar, colocando em risco seu estado nutricional e, consequentemente, sua qualidade de vida e resposta ao tratamento.

Existem muitos sintomas que podem afetar a ingestão alimentar, dentre eles temos: náusea e vômito, boca seca, mucosite (inflamação e feridas na boca e/ou garganta), saciedade precoce e a disgeusia (distorção ou diminuição da sensibilidade do paladar). Para cada um deles temos diversas estratégias nutricionais, e é muito importante o acompanhamento do profissional nutricionista para as orientações de quais, como, quando e por que devem ser realizados cada um dos procedimentos.

Em todos os casos citados, de forma geral, mas principalmente no caso de saciedade precoce, a primeira e principal estratégia é o aumento do fracionamento das refeições e a diminuição das porções que serão oferecidas, ou seja, o paciente irá realizar de 6 a 8 refeições ao dia, em quantidades pequenas. Isso ajudará a manter a ingestão alimentar adequada. No caso de boca seca (xerostomia), deve-se preferir alimentos mais umedecidos, ajustar a textura das preparações (líquida/pastosa) de acordo com a necessidade do paciente, ingerir líquido durante as refeições e chupar ou mastigar gelo feito de água, água de coco ou suco de fruta adoçado, ajuda a aliviar o sintoma.

Já nos episódios de náuseas e vômitos são preferíveis alimentos e preparações secas, evitando também comidas muito doces, alimentos gordurosos e frituras. Deve-se também evitar beber líquido durante as refeições e preferir os cítricos (suco ou picolé de limão ou maracujá, por exemplo). Para a mucosite, uma das estratégias mais comuns no alivio dos sintomas é chupar gelo do chá de camomila, devido ao seu efeito calmante. Além disso, também é orientado preferir o consumo de alimentos frios e gelados, evitar líquidos e temperos abrasivos, diminuir o sal das preparações e evitar vegetais frescos crus.

Na disgeusia (alteração do paladar), é importante dar preferência a alimentos de sabores mais fortes e lembrar ao paciente do sabor do alimento que está sendo oferecido. Neste, e em todos os demais casos, é de extrema relevância o trabalho de conscientizar o paciente da importância da alimentação, apesar dos sintomas, assim como, também é preciso saber que apesar da condição clínica que este se encontra, deve-se sempre considerar suas preferências alimentares e o prazer no momento das refeições, até onde for possível.

Por Priscylla Kelly Abrantes – Nutricionista – CRN 14096

REFERÊNCIAS:

  • INSTITUTO ONCOGUIA. Estadiamento do Câncer de Estômago. Acesso em 30 de junho de 2017. Disponível em <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estadiamento-do-cancer-de-estomago/940/274/>
  • Consenso nacional de nutrição oncológica / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação Geral de Gestão Assistencial, Hospital do Câncer I, Serviço de Nutrição e Dietética; organização Nivaldo Barroso de Pinho. – 2. ed. rev. ampl. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2015. 182p.