O tratamento do câncer traz consigo diversos efeitos colaterais como: náuseas, vômito, boca seca (xerostomia), mucosite (inflamação da mucosa gástrica), falta de apetite, alterações no paladar etc. Vários medicamentos, incluindo os quimioterápicos, podem causar alterações nas percepções de odor e sabor dos alimentos, causando redução da percepção do paladar (hipogeusia) ou distorções de sabor (disgeusia).
Nossas células gustativas são responsáveis pela percepção dos sabores doce, azedo, amargo, salgado e umami, este último é originário de uma substância chamada glutamato, encontrada naturalmente em alimentos como carnes, peixes, laticínios e vegetais. O umami possui um sabor sutil, mas potencializa os outros sabores quando misturado a eles. Ao iniciar o tratamento, normalmente um dos primeiros sabores perdidos ou alterados é o doce, sendo potencializados os sabores salgado e o amargo, podendo gerar uma percepção de gosto metálico na boca.
Ao término do tratamento, muitos pacientes podem recuperar sua sensibilidade ao sabor, ou ficar apenas com alterações sutis. No entanto, enquanto existem essas mudanças, haverá provável redução do consumo alimentar, o que afetará negativamente o estado nutricional do paciente, trazendo prejuízos ao tratamento, qualidade de vida e chances de recuperação do paciente.
Tendo em vista os prováveis prejuízos que podem ser causados, é essencial que o paciente mantenha um adequado acompanhamento nutricional, visando obter as melhores estratégias que tragam menor impacto em relação às perdas nutricionais. Nesta perspectiva, a American Câncer Society (Sociedade Americana de Câncer) traz algumas indicações como: usar frutas frescas e/ou congeladas, para consumo ou fazer shakes com sorvete ou iogurte; temperar os alimentos com condimentos ácidos como raspas de limão, sumo do limão, frutas cítricas, vinagre (exceto para pessoas com sensibilidade na boca e garganta, ou com algum grau de mucosite); a fim de evitar os cheiros fortes, é recomendável tampar as bebidas e usar canudinho; preferir os alimentos frescos e crus e evitar comer em ambientes fechados e abafados.
Existem essas e muitas outras técnicas que podem ser utilizadas visando à saúde e bem estar do paciente oncológico, por isso, é de extrema importância manter o acompanhamento nutricional adequado, associado ao suporte multiprofissional.
Fonte:
Priscylla Kelly Abrantes
Nutricionista – Casa Durval Paiva
CRN 14096.