Cinthia Moreno Fisioterapeuta – Casa Durval Paiva
CREFITO 83476-F
Paliar deriva do latim pallium, que quer dizer “cobrir com capa”. É também um termo que nomeia o manto que os cavaleiros usavam para se proteger das tempestades pelos caminhos que percorriam. Paliar é proteger. Proteger alguém é uma forma de cuidado, tendo como objetivo amenizar a dor e o sofrimento, sejam eles de origem física, psicológica, social ou espiritual.
Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde – OMS, “Cuidado Paliativo é uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”.
O cuidado paliativo se baseia em princípios e não em protocolos. Um dos princípios é a abordagem multiprofissional, o que torna fundamental a presença do Fisioterapeuta como parte integrante da equipe de assistência ao paciente, para que possa atuar no alívio dos sintomas, promovendo bem estar através de recursos terapêuticos. Além disso, o Fisioterapeuta deve estimular a independência e autonomia do paciente que, muitas vezes, tem cuidado excessivo com restrições que são desnecessárias. O paciente deve ser estimulado a viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte.
O programa de tratamento deve ser elaborado de acordo com o grau de dependência e progressão do paciente. Se ele é totalmente dependente, os objetivos devem ser: manter a mobilidade; adotar posturas confortáveis, favorecendo a respiração e outras funções fisiológicas; possibilitar a higienização e evitar complicações como úlceras por pressão, edema em membros e dor. Se o paciente é dependente, mas tem capacidade de deambulação (passeio), deve ser feita a manutenção de sua capacidade de locomoção, autocuidado e funcionalidade. Para os pacientes independentes mas vulneráveis, devemos ter como objetivo a manutenção ou melhora de sua capacidade funcional.
O alívio da dor tem um importante papel nos cuidados paliativos. Esse objetivo pode ser alcançado através da eletroterapia (corrente elétrica para supressão da dor), que pode diminuir o uso de analgésicos e seus efeitos colaterais. Podem ser utilizadas a termoterapia (compressas frias ou quentes) e técnicas manuais, que também diminuem a tensão muscular, melhorando a circulação tecidual e diminuindo a ansiedade. A dor é constituída por componentes físicos, mentais, sociais e espirituais, e, por isso, não deve ser tratada apenas com um dos recursos terapêuticos, como a eletroterapia, mas com a atuação de toda a equipe multiprofissional.
O excesso de descanso e inatividade física podem gerar ou agravar a dor e causar fraqueza muscular (hipotrofia), descondicionamento cardiovascular, respiração superficial, alterações posturais, osteopenia (diminuição da densidade óssea) e até fraturas patológicas. Por esses motivos, os exercícios físicos podem e devem ser feitos, de acordo com a tolerância do paciente, mantendo o equilíbrio entre a atividade física e a conservação de energia. Exercícios leves ou moderados para os principais grupos musculares podem ser inseridos. Exercício aeróbico, como caminhada, ciclismo e natação podem ser uma opção para combater a fadiga, que muitas vezes limita o paciente em atividades como caminhar, se vestir e tomar banho.
O brincar é um instrumento que fornece a experiência necessária para que a criança se desenvolva em todos os aspectos. A utilização do lúdico como recurso terapêutico permite que a criança tenha liberdade para criar diversas situações e realizar vários movimentos, diminuindo fatores estressantes.
Melhorar a função pulmonar é outro fator importante que promove conforto ao paciente. Também é fundamental ter cuidado com o posicionamento no leito prevenindo úlceras de pressão.
A participação de familiares nos atendimentos deve ser incentivada tanto nas atividades propostas, como nos cuidados gerais e nas orientações, favorecendo a convivência entre si e aproximando-os dos profissionais da equipe.
É muito importante que o fisioterapeuta, e também todos os outros integrantes da equipe multiprofissional que oferece cuidados paliativos, possam refletir sobre a sua conduta, diante da morte, tentando o equilíbrio necessário entre o conhecimento científico e o humanismo, para resgatar a dignidade da vida e a possibilidade de se morrer em paz.