Cinthia Moreno
Fisioterapeuta – Casa Durval Paiva
CREFITO 83476-F
Comumente algumas pessoas perguntam como é o tratamento fisioterapêutico de uma criança com câncer. Questionam sobre o que ela pode fazer e o que é feito de diferente na conduta, comparando com outros pacientes de diagnósticos diferentes. Sempre explico que a reabilitação de uma criança ou adolescente com câncer é como a de qualquer outro paciente, mas temos sim que ter atenção e alguns cuidados com relação à evolução da doença e os efeitos do tratamento oncológico.
Alguns objetivos da fisioterapia em oncologia pediátrica são: prevenir e evitar complicações pulmonares, motoras, circulatórias e linfáticas; reduzir a dor; manter ou melhorar a amplitude de movimento das articulações e a força muscular; melhorar a coordenação motora e o equilíbrio; promover bem estar e qualidade de vida. A maioria desses objetivos é atingida através do exercício terapêutico, que pode ser realizado de forma lúdica, com brincadeiras e jogos.
No setor de fisioterapia da Casa Durval Paiva todo programa de exercício está baseado nas características individuais de cada paciente e leva em consideração a avaliação fisioterapêutica, os resultados dos exames laboratoriais e de imagem, pois durante o tratamento com quimioterapia, por exemplo, pode haver alteração no número de plaquetas e de hemoglobina, onde o profissional deverá adaptar os exercícios de acordo com as condições apresentadas pelo paciente. Essa contagem vai definir, entre outras medidas, se o adolescente pode fazer atividades com saltos ou apenas exercícios passivos; exercícios com resistência (carga) ou apenas atividades de vida diária.
É fundamental perceber sinais de fadiga e valorizar qualquer queixa do paciente durante as atividades e exercícios, para ajustar ou modificar a conduta. Em algumas situações, é prudente orientar o paciente a ficar mais ativo, realizando suas atividades com independência do que exercícios com carga para aumento de força muscular. Outro fator importante é ter uma comunicação clara com o paciente e sua família, informando os objetivos do tratamento e valorizando cada meta alcançada.
Observamos na rotina do setor que quando a criança se sente segura e percebe que ela mesma tem responsabilidade no resultado do tratamento, torna-se mais colaborativa e assídua. Ela tem prazer nas brincadeiras e até sugere algumas atividades para ajustar a conduta, quando apresenta algum tipo de limitação decorrente do tratamento. E assim, continuamos a brincadeira, como fazemos com qualquer outra criança.