A hemofilia é um grave distúrbio hereditário de coagulação sanguínea que acomete quase exclusivamente os indivíduos do sexo masculino. Sua principal característica se dá pela presença de sangramentos prolongados devido à diminuição ou ausência dos fatores de coagulação necessários para a formação do coágulo sanguíneo.
O derrame articular (hemartrose) é a manifestação hemorrágica mais comum da hemofilia, ocorrendo em quase todos os pacientes. Geralmente se desenvolve de forma espontânea ou após mínimos traumas, apresentando seu início na fase em que a criança começa a andar e em articulações que sofrem maior solicitação e/ou suportam cargas, tais como: ombros, cotovelos, joelhos e tornozelos.
Quando recorrentes, esses quadros hemorrágicos podem levar à obtenção de outras complicações músculo-esqueléticas, tais como: limitações de movimentos articulares, aderências fibróticas, alterações na marcha, assimetria de forças musculares, contraturas e até deformidades, afetando assim, a vida destes pacientes. Apesar dessas debilidades no aparelho locomotor não oferecerem risco de vida, as seqüelas que permanecem podem constituir sério fator incapacitante para o hemofílico.
Não há cura para a hemofilia, mas controla-se bem a doença com injeções regulares dos fatores de coagulação deficientes no indivíduo. A Fisioterapia também é capaz de auxiliar no tratamento desses pacientes, prevenindo as complicações da doença e possibilitando uma menor administração de reposição desses fatores sangüíneos, o que proporciona uma melhor qualidade de vida e funcionalidade aos mesmos.
Em Natal, a Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer, além dos relevantes serviços prestados ao paciente oncológico, também se destaca por prestar atendimento aos pacientes hematológicos crônicos (no qual a hemofilia encontra-se inserida), com isso, o seu serviço próprio de fisioterapia também atua prestando atendimento aos pacientes hemofílicos que dele necessitem.
Em linhas gerais, os objetivos do tratamento fisioterápico serão: o controle da dor, a prevenção de deformidades, a prevenção de complicações respiratórias ou vasculares no paciente acamado, a recuperação da capacidade funcional das articulações, a manutenção de um equilíbrio estático e dinâmico do sistema músculo-esquelético e a reintegração do indivíduo no seu meio social e profissional.
O tratamento fisioterápico se faz importante à medida que previne e reduz as complicações desta patologia, com isso, observa-se que um paciente que se submete a um tratamento fisioterápico de forma precoce tende a evoluir mais satisfatoriamente, através do controle do derrame intra-articular, alívio da dor e manutenção da capacidade funcional das suas articulações. Com isso, conclui-se que, sem a intervenção médica e o acompanhamento fisioterápico preventivo, torna-se muito difícil evitar as complicações músculo-esqueléticas dessa moléstia.
Escrito por Roberta Carvalho da Rocha.