Os tumores ósseos formam o sexto grupo de câncer mais frequente entre crianças e jovens, representando cerca de 10% de todos os casos diagnosticados em pacientes menores de 15 anos. Juntamente com suas respectivas modalidades terapêuticas este tipo de câncer é um dos que mais podem repercutir em sequelas sobre a saúde do indivíduo, pois, além do tratamento clínico, normalmente também se faz necessário algum tipo de procedimento cirúrgico para a erradicação total do tumor.
Nos últimos anos, têm-se obtido melhoras significativas no tratamento desta patologia, uma vez que, até meados da década de 1970, era muito comum se fazer o controle local desses tumores apenas por meio de amputações. Nos dias atuais, com o advento de novas técnicas cirúrgicas, além da efetividade dos tratamentos coadjuvantes e o diagnóstico cada vez mais precoce, está sendo possível obter melhores resultados, dando-se ênfase nas cirurgias de preservação do membro, no lugar das temíveis amputações.
Esta realidade já vem sendo muito bem observada pelo Serviço de Fisioterapia da Casa Durval Paiva. Com apenas dois anos e meio de funcionamento, a média de pacientes portadores de tumores ósseos que passaram pelo referido serviço e que obtiveram êxito no seu tratamento oncológico sem a necessidade de sofrer amputação do segmento acometido foi de quase 40%.
Mesmo sem a necessidade de amputação do membro, a fisioterapia se mostra cada dia mais importante no acompanhamento desta patologia, visto que é muito comum a retirada de estruturas ósseas, musculares, circulatórias e/ou ligamentares que estão em volta do tumor, levando a um comprometimento na integridade físico-funcional destes pacientes. Nestes casos, a reabilitação fisioterápica atua com o propósito de promover o retorno do individuo aos seus níveis de produtividade anteriores à cirurgia, buscando melhorar sua qualidade de vida.
O tratamento fisioterápico pode ser iniciado logo após a definição do diagnóstico. Nesse período os objetivos serão: evitar contratura no membro acometido, manter ou fortalecer a musculatura do membro contralateral remanescente, manter ou melhorar o padrão respiratório do paciente, além de orientá-lo também quanto ao melhor posicionamento que se deve ter com o membro operado, evitando o surgimento de edemas, encurtamentos e dor. Nos casos de acometimento em membro inferior, o fisioterapeuta deve ainda realizar o treino de marcha com auxílio de muletas. Esse contato antes da realização da cirurgia tem grande importância para o sucesso do tratamento, uma vez que estes pacientes tornam-se mais colaborativos e confiantes na medida em que adquirem conhecimento sobre o procedimento ao qual serão submetidos e o que poderão esperar da sua recuperação.
Na fase pós-operatória, a assistência fisioterápica deve continuar sendo prestada. Na Casa Durval Paiva este trabalho é feito através de atendimentos semanais e rigorosamente supervisionados, onde são desenvolvidas atividades de alongamentos, exercícios, fortalecimento do membro contralateral, treino de marcha e/ou equilíbrio, etc., sempre com o objetivo de manter ou voltar a adquirir a amplitude de movimento, a força muscular, o equilíbrio e as adaptações na marcha que foram parcial ou totalmente perdidas. E é assim, através de um tratamento global e integrado entre paciente-terapeuta, que é determinado o êxito de todo o trabalho de reabilitação física programado.
Escrito por Roberta Carvalho da Rocha.