Ao iniciar o tratamento oncológico, logo após o diagnóstico, dentre as muitas mudanças na rotina da criança, está o novo estilo alimentar que deve ser adotado pelo paciente. E, ao contrário do que a maioria das pessoas possa imaginar, o planejamento alimentar para este público não possui nada muito diferente do que seria uma alimentação, por assim dizer, geral e ideal, para um estilo de vida saudável, ou seja, uma dieta sem alimentos processados e ultra-processados, industrializados em geral, embutidos e enlatados, ricos em corantes e conservantes, açúcares, fast-foods, frituras, refrigerantes, etc., preferindo sempre alimentos naturais, diversificados, preparados em casa, lembrando do cuidado com a higienização e segurança alimentar de tudo o que será consumido.
A educação alimentar e nutricional é vista como uma estratégia para a promoção, construção e/ou correção de hábitos alimentares saudáveis. Neste papel, o nutricionista se coloca como educador, estimulando às mudanças de hábitos alimentares e estilo de vida, através de uma série de estratégias.
Desenvolver atividades voltadas ao público infantil, que promovam a saúde e tragam qualidade de vida e, se possível, melhor resposta ao tratamento, é de grande relevância, pois além do conhecimento adquirido e do momento em si, trazendo bem estar e mudança de rotina, também reflete numa melhor adesão do paciente à dieta, durante e após o tratamento, mostrando que estas novas práticas alimentares que surgiram em decorrência a sua condição atual de saúde, deveriam se tornar hábitos para toda vida.
No entanto, quando se fala em processo de ensino sobre alimentação, não se trata apenas de transmitir informações. Ao profissional nutricionista cabe o cuidado na construção das atividades, vendo quais melhores estratégias a serem utilizadas, segundo o público com o qual irá trabalhar, observando faixa etária, nível de compreensão cognitiva, condições socioeconômicas, acesso a alimentos, aspectos culturais, etc. Para execução desses momentos, diversos recursos estão disponíveis como: dinâmicas de grupo e individuais, vídeo aulas temáticas, atividades de recorte e colagem, pintura, ou até mesmo execução de oficinas culinárias, com todo o cuidado que o público infantil precisa nestes ambientes.
Desta forma, sabendo que a formação de hábitos alimentares se inicia ainda mesmo na gestação materna e logo em seguida, na primeira infância, vê-se a importância do desenvolvimento deste tipo de trabalho, e continuidade do mesmo, já que se trata de um processo constante de construção.
Por Priscylla Kelly Abrantes
Nutricionista – Casa Durval Paiva
CRN 14096