O Laser de baixa potência é uma fonte de luz com vários comprimentos de onda que possui inúmeras propriedades terapêuticas como: ação anti-inflamatória, analgésica e bioestimulante. É um grande auxiliar terapêutico que pode ser usado isoladamente ou como coadjuvante de outros tratamentos na odontologia. As complicações bucais da radioterapia de cabeça e pescoço e quimioterapia em pacientes oncológicos podem ser minimizadas pelo uso do Laser de baixa potência.
O Laser tem várias indicações na oncologia tais como: mucosite, xerostomia e neurotoxicidade, causados pelo efeito direto do quimioterápico sobre os tecidos bucais, como também, nas infecções virais, oportunistas e bacterianas. A laserterapia é indolor, segura, bem aceita pelos pacientes e não apresenta efeitos colaterais quando realizado corretamente pelo dentista.
As lesões na cavidade oral são as mais frequentes complicações da quimioterapia pela alta sensibilidade das estruturas orais aos efeitos citotóxicos. Estudos apontam que crianças são mais propensas a complicações orais em relação aos adultos. A mucosite oral, inflamação da mucosa, é o efeito colateral mais comum do tratamento do câncer podendo variar de 30% a 70%, dependendo do tipo de tratamento, e aumenta para mais de 90% quando em crianças abaixo de doze anos, isto explica o elevado índice mitótico (reprodução das células). A mucosite oral interfere muito na qualidade de vida do paciente, causando dor intensa ao mastigar, aumento das infecções sistêmicas, odinofagia (dor ao deglutir), dor na garganta, algumas vezes interrompendo o tratamento e fazendo com que o paciente necessite de nutrição enteral e parenteral.
A mucosite oral possui quatro graus de acordo com a escala da Organização Mundial de Saúde (OMS). O grau1 – presença de eritema; grau 2 – presença de úlceras, eritema e alimentação sólida; grau 3 – presença de úlceras e alimentação líquida e grau 4 – quando o paciente não consegue se alimentar via oral.
A terapia com o laser de baixa potencia vem sendo uma alternativa para prevenção e tratamento da mucosite oral, obtendo respostas positivas funcional e clinica. Em alguns casos elimina a dor já na primeira aplicação. Acredita-se que esse fato se deve a liberação da b-endorfina (hormônio produzido pela glândula hipófise) nas terminações nervosas das úlceras, ao mesmo tempo em que promove a bioestimulação dos tecidos, fazendo com que a mucosite oral cicatrize em um tempo mais rápido.
Na Casa Durval Paiva, as crianças e adolescentes são beneficiados com o tratamento do laser tanto profilático, como terapêutico. Esse atendimento se estende às crianças internadas que irão se submeter à quimioterapia e transplante de medula óssea. Tão logo os pacientes comecem a quimioterapia, em conjunto com a equipe medica, a cirurgião-dentista estará planejando o tratamento dentário, examinando a cavidade oral e suas possíveis afecções e condições de higiene oral e aplicando o laser preventivamente durante todo o processo quimioterápico.
Observamos como resultado que os pacientes não apresentaram mucosites graus 3 e 4. Existem drogas muito citotóxicas, que mesmo com a aplicação do laser preventivo, causam mucosite, sendo que em um grau menor, nesses casos, assim que aparecem iniciamos o laser terapêutico até a sua completa cicatrização.
Concluímos ser imprescindível a atuação do cirurgião dentista nas equipes interdisciplinares do tratamento contra o câncer, para diagnosticar, prevenir e tratar as manifestações orais advindas da quimioterapia e a aplicação do laser, visando a redução da severidade, bem como, o aumento do tempo de cicatrização da mucosite oral, promovendo assim, uma melhor qualidade de vida ao paciente.
Escrito por Simone Norat Campos – CRO/RN 1784 – Dentista.