Fábio Ferreira
Profissional de TI – Casa Durval Paiva
A geração Y, também conhecida pelo nome “millenial“, apresentou grandes transformações nas lógicas de consumo e nos ideais de sucesso profissional nos últimos anos. Nascidos entre 1980 e 1995, eles são considerados os “migrantes digitais”, pois nasceram em lares que ainda não tinham computadores e foram os primeiros a experimentar o potencial das redes.
A geração X é aquela que nasceu entre meados dos anos 60 até o início dos anos 80. A geração Y contempla aqueles que nasceram entre o fim dos anos 1980 e o início dos anos 1990 e a Geração Z é formada por aqueles que nasceram entre 1992 e 2010). Os milleniais adaptaram-se com facilidade à integração da tecnologia, mas, diferentemente da geração Z, ainda veem o que vivem “no mundo real” e o que fazem nas plataformas digitais como mundos diferentes.
No Brasil, o millenial foi, muitas vezes, o primeiro da família a ir para a faculdade. Foi considerado um profissional preparado ainda bem cedo, o que aumentou as expectativas do mercado e dos familiares em torno dessas pessoas. Isso também fez com que elas já não vissem mais sentido nos sistemas hierárquicos que, até então, vigoravam nas empresas.
A busca individual da felicidade é uma das pautas mais fortes entre os membros dessa geração, que se consolidaram como ótimos “problematizadores”. Defendendo um propósito maior, muitos deles buscaram construir a própria empresa, o que fez do boom das startups um marco dessa geração. Com redes sociais e plataformas de baixo custo, eles se tornaram entusiastas da economia de compartilhamento e organizam eventos e encontros com grande facilidade.
Horizontalidade, informalidade, home office e coworking foram algumas das mudanças trazidas por essa geração, as quais provocaram maiores transformações no mundo do trabalho. Porém, elas também foram acompanhadas pela falta de pragmatismo e pelo excesso de informação. Dentre os desafios apresentados a geração Y no mercado de trabalho destaca-se a dificuldade com a hierarquia, pois é comum que o profissional da geração Y enxergue seus superiores apenas como colegas de trabalho e tenha grandes dificuldades para se submeter à hierarquia tradicional.
Acrescenta-se também a dificuldade em lidar com a ansiedade pois, em razão de terem crescido com muitas inovações tecnológicas e um grande fluxo de informações, estes jovens estão acostumados a muita ação, a uma série de estímulos e a execução de múltiplas tarefas ao mesmo tempo. A velocidade com que eles trabalham faz com que gerem resultados rapidamente, porém, a capacidade reduzida para lidar com frustrações pode fazer com que eles desistam facilmente diante de algumas dificuldades.
Nesse contexto, é importante lançarmos um olhar para a grande parcela da população que, num mundo marcado por diferentes vulnerabilidades sociais (acesso à saúde, educação, trabalho, moradia), sequer tem ou teve acesso à tecnologia da informação nesse novo mundo da “internet das coisas. ”, pessoas que apresentam inúmeras dificuldades em lidar com esse novo mundo digital.
Nesse aspecto, esse tem sido um dos principais desafios para os profissionais que atuam com educação e com o processo de inclusão produtiva de pais acompanhantes de crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas crônicas acolhidas pela Casa Durval Paiva em Natal, na perspectiva de desenvolver estratégias para o enfrentamento à pobreza por meio da geração de renda e trabalho, em um ambiente marcado por profunda e intensa desigualdade social.
Usar a tecnologia da informação junto a esse grupo tão vulnerável, favorece a relação de proximidade e troca de experiência de pessoas com problemas comuns (todos acompanham seus filhos ou parentes em tratamento), sobretudo a prática da informação entre aqueles inseridos numa cultura tecnológica urbana e outras que não são, caso de grande parcela do público assistido pela instituição que é de origem rural.
Nesse sentido, a tecnologia da informação pode proporcionar para essas pessoas da geração Y, o compartilhamento de conhecimento, habilidades, experiências e informações. Essas relações, evidenciadas nos contextos dos cursos profissionais realizados pela Casa, se constituem em excelentes oportunidades para o empoderamento econômico das famílias assistidas, bem como para o pleno exercício de cidadania e protagonismo social.