Keillha Israely
Assistente Social – Casa Durval Paiva
CRESS/RN 3592
Falar sobre família é algo peculiar, pois, cada pessoa tem sua visão e experiência. Hoje em dia podemos falar que existe o conceito social de “famílias”, pois não há mais um modelo fechado e padronizado, nem mesmo a determinação de laços sanguíneos para designar o que é ou não família.
Mas, o que não muda é a importância do núcleo familiar e da rede de apoio no cuidar, no processo de educação, na criação e suporte, e isso é dado não apenas pela mãe, pai, tios(as), primos(as), avós, dentre outros atores da rede de apoio. Diante das inúmeras mudanças nos núcleos familiares, as avós têm assumido um lugar central na perspectiva do cuidar, seja como cuidadoras temporárias, enquanto os pais trabalham fora, ou como responsáveis efetivas dos netos, ou seja, únicas responsáveis pelos mesmos diante da ausência física ou afetiva dos pais.
O aumento da expectativa de vida, tem permitido aos avós participarem ativamente da criação dos netos, e isso tem sido notório nas novas configurações familiares. Temos observado tal fato com frequência nos acompanhamentos da Casa Durval Paiva, pois um número considerável de pacientes chega para o acolhimento na instituição, tendo os avós como cuidadores principais, e até mesmo como suporte no processo do cuidar.
Alguns desses avós cuidam dos netos desde a primeira infância e outros sempre auxiliaram na criação dos mesmos. No entanto, apreendemos que existem diversos desafios nesse processo do cuidar, dos quais destacamos: econômico, social, afetivo, físico, dentre outros. Pois, o tratamento de câncer é longo, com muitas nuances, dificuldades e, muitas vezes, os avós se deparam com diversas situações que refletem diretamente em suas vidas. Podemos destacar os longos períodos de internação, que desgastam fisicamente; o tempo longe de casa, dos companheiros, dos outros filhos e netos e até da rotina que faz falta.
É desafiador para os avós enfrentar o tratamento contra o câncer, pois são muitas informações a serem assimiladas, vários remédios e intervenções que não conseguem compreender e, para muitos, ainda tem um outro fator dificultador, não ter com quem dividir a missão de cuidar, pois, alguns pacientes não tem os pais para dar esse suporte.
Tais questões merecem uma atenção especial, bem como um apoio por parte de toda equipe multidisciplinar, na perspectiva de fortalecer os vínculos familiares e de dividir as responsabilidades, pois, muitas vezes, percebemos que os avós cuidadores são sobrecarregados e também precisam de cuidado.