Lady Kelly Farias da Silva
Terapeuta Ocupacional – Casa Durval Paiva
Crefito 14295-TO
No tratamento do câncer, as crianças, embora pareçam inocentes e julgadas de não conseguirem se defender, têm nos surpreendido em relação à compreensão quando o assunto é o tratamento pelo qual estão passando. Fazendo parte da rotina dessas crianças, percebemos a importância de usar da sinceridade e de muito acolhimento para alcançar a adesão para o tratamento e os pais, em contrapartida, são orientados a colaborar, explicando claramente aos filhos à mudança de rotina, as idas constantes aos hospitais, assim como, as reações que vivenciam a cada nova terapia.
Enquanto terapeuta ocupacional é imprescindível compreender o que as crianças sentem para poder arquitetar estratégias para facilitar o tratamento, que é marcado por adversidades, como o afastamento da família, dos amigos, os efeitos colaterais e a realização de procedimentos e exames invasivos e dolorosos. A conversa direta com os profissionais de saúde também é essencial nesse processo e o diálogo de terapeuta e paciente é realizado de acordo com a idade. Desta forma, a criança compreenderá o que realmente está acontecendo com o seu próprio corpo. Dizer a verdade permite que a criança passe pela doença de forma mais consciente e tranquila.
Uma postura acolhedora está além do cuidado biológico, ajuda o paciente a enfrentar de forma menos ameaçadora o adoecimento. Na vivência da Casa de Apoio à Criança com Câncer Durval Paiva, no setor de terapia ocupacional, os relatos das crianças são de que se sentem especiais e cuidadas com o carinho que recebem da equipe, o que faz com que permaneçam mais confiantes e protegidas de tudo o que envolve o tratamento quimioterápico. Nesse caso, a falta do cabelo, as inúmeras febres e constantes internações são encaradas como um momento necessário para se cuidarem e se perceberem prontas e seguras para o retorno à reinserção social.
Apesar do reconhecimento das mudanças vivenciadas durante a hospitalização, as crianças demonstram construir vínculos positivos e de muita gratidão em relação à equipe de saúde, além de demonstrarem disposição de participarem das brincadeiras e terem minimizadas as dores e o medo que envolve todo o processo terapêutico. Mesmo em meio a tantas modificações repentinas em suas rotinas, mencionam ter esperança na cura e acreditar que esse tratamento é o que vai possibilitar o retorno à vida que tinham antes do diagnóstico, valendo a pena passar por todo esse processo.
Observando o cotidiano delas, realmente não parecem estar doentes, tamanha é a energia de viver. A lição que passam a todos que fazem parte de seu contexto social é algo transformador e encantador, é quando nós que fazemos parte de uma equipe multidisciplinar percebemos que estamos no caminho certo.