O termo bullying vem sendo usado constantemente para descrever atos repetitivos de violência física, verbal e psicológica. Casos como os de crianças e adolescentes hostilizados são mais comuns do que se imagina. Tal comportamento é fruto de visões preconceituosas com as pessoas consideradas diferentes da maioria.
Na escola, muitas vezes, aqueles alunos que se destacam intelectualmente, os mais sensíveis ou retraídos e ainda com alguma limitação ou sequela de alguma enfermidade, são muitas vezes excluídos do contato social por outras crianças e/ou adolescentes. São essas desigualdades que provocam, em alguns, um desejo de exercer poder sobre aqueles que consideram diferentes, dominando-os ou atacando-os, normalmente em público.
O público acolhido na Casa Durval Paiva é composto por crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas crônicas, sendo assim, testemunhamos diversos casos de bullying pela queda dos cabelos, perda de peso, ou ainda pela pele ferida em decorrência de sucessivos procedimentos. Essas demandas chegam até a Sala de Apoio Pedagógico através de depoimentos e vivências por parte dos alunos pacientes, que sinalizam estar imersos nessa situação, apresentando inúmeras mudanças de comportamento, como: não querer mais frequentar as aulas e a escola, pedir para mudar de turma, apresentar sintomas, como dor de cabeça ou de estômago e suor frio, indicando alto nível de angústia a que está sendo submetido, situações essas causadoras da falta de estímulo e, consequentemente, da queda no rendimento escolar.
Assim, buscamos mediar ações de conscientização junto as escolas alertando que as crianças e/ou adolescentes precisam ser poupados, pois vêm de um processo de perdas, refletido inclusive no contexto escolar, onde convivem com sentimentos de medo, dor, angústia e mudança da própria imagem e ainda que, apesar de todos esse entraves, estes pacientes encontram-se em pleno desenvolvimento físico e cognitivo, tendo o direto de serem respeitados como cidadãos plenos.
O indivíduo que tenha sofrido qualquer tipo de ameaça verbal, física ou psicológica precisa de ajuda e necessita ser protegido. Os adultos devem ouvir as queixas e perceber os sinais das vítimas. Estas precisam se sentir cuidadas pela família, escola, comunidade e autoridades. Muito importante também é deixar claro para o aluno-paciente, seja qual for a sua idade, que ele não é culpado pelas perseguições que está sofrendo, reafirmando que tem valores e qualidades que devem ser ressaltadas.
Dentro desse impasse, é necessário construir em sala de aula um universo de respeito, onde o profissional deve sempre intervir, pontuando gestos e ações dos colegas de sala. Já a família deve dar crédito às lamentações, buscando a escola para resolução dos conflitos. Nesse instante, se fortalece o vínculo família – criança/adolescente – escola, fazendo com que a vítima sinta-se amparada, protegida e mais segura.
Escrito por Aline Benevides Câmara – Pedagoga da Casa Durval Paiva.