Adelaide Alaís Alves
Psicóloga – Casa Durval Paiva
CRP 17/4085
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a adolescência refere-se ao período dos 12 aos 18 anos. A adolescência vai para além de uma “fase”, ela é um marco e constitutivo histórico na vida do sujeito. É a passagem da infância para início da vida adulta, marcada por muitos eventos e mudanças no físico, social, emocional e cognitivo do indivíduo.
Adolescer já é por si só um momento de muitos impactos, e ser adolescente em meio a um tratamento oncológico irá potencializar essas repercussões, pois somado as mudanças esperadas na adolescência, o paciente irá de encontro com uma nova realidade, ao de pessoa com uma doença que impacta no desenvolvimento físico e emocional do sujeito de forma significativa.
O adolescente estará em um contexto totalmente diferente do imaginado e idealizado por ele, inserido em uma rotina alternada entre o hospital e a casa de apoio. Mudanças físicas e de autoimagem causadas pela puberdade são acrescidas as do tratamento, associadas ao distanciamento da rotina social com amigos, escola e passeios. Ansiedade e angustia, medo do tratamento em si e seus efeitos, também o medo da morte e de uma possível recaída fazem parte desse momento, o que pode até parecer ambivalente, visto que ele está recebendo os cuidados integrais e de atenção. Tudo isso, justamente nessa fase de tantas descobertas e de início de autonomia que é a adolescência, um verdadeiro turbilhão de emoções e significados, que é construído e atribuído de forma subjetiva por cada paciente e familiar envolvido.
Considerando que ser adolescente em um contexto de adoecimento traz muitas repercussões no desenvolvimento psicossocial, torna-se importante e essencial um cuidado multidisciplinar. A equipe é composta por diversos profissionais que trabalharão juntos e integrados em prol de um tratamento planejado e completo. O cuidado à tríade: paciente, família e equipe iniciam-se com a confirmação do diagnóstico de câncer. Tão importante quanto o tratamento em si e foco na recuperação biológica, são as preocupações e cuidados com o psicossocial, onde o psicólogo tem um papel fundamental de auxílio ao paciente e demais entes envolvidos.
Sabendo disso, a Casa Durval Paiva oferece aos pacientes e familiares o apoio psicológico de forma individual e grupal. No caso dos adolescentes, eles têm um grupo denominado: Grupo de Adolescentes, que acontece nas segundas-feiras com o intuito de proporcionar um ambiente de diálogo, acolhimento, relação social, apoio psicosocioemocional frente a essa nova fase, onde seja propiciado subsídios para a elaboração e ressignificação desse adoecimento e suas repercussões.