Cinthia Moreno
Fisioterapeuta – Casa Durval Paiva
CREFITO 83476-F
O diagnóstico de câncer pode causar uma série de mudanças nos aspectos físico, emocional e social, não só do paciente, seja ele criança ou adolescente, como também de seus pais e familiares. Há mudanças na rotina com a realização de vários exames, internações prolongadas e, em alguns casos, cirurgias. Há também afastamento da escola e do convívio com amigos e familiares. Se o paciente mora distante do local de tratamento, haverá ainda o afastamento de sua própria casa e contexto de vida. Além de tudo isso, há preocupações, incertezas e medo da morte.
É fundamental que diante de tantas demandas, o paciente seja acompanhando por uma equipe multidisciplinar para que seu cuidado seja integral. A equipe deve acolher, esclarecer, orientar, cuidar e tratar.
O fisioterapeuta que integra uma equipe que presta assistência a crianças e adolescentes com câncer não se preocupa apenas com a reabilitação, mas com a prevenção de complicações ao longo do tratamento e também o manejo dos sintomas. A atuação deve iniciar logo no momento do diagnóstico com ações educativas, explicando de forma clara o que é recomendado para o paciente e o que deve ser evitado. Algumas crianças, por exemplo, ficam com restrições desnecessárias, passam a maior parte do tempo deitadas, enquanto deveriam se manter mais ativas, caminhar e não ficar no braço dos pais.
Os sintomas físicos, como dor, fraqueza muscular, diminuição da mobilidade articular, etc., devem ser tratados de forma individualizada, respeitando o tratamento oncológico e as características individuais. O manejo dos sintomas e a reabilitação não devem acontecer de forma isolada, mas sim de forma integrada com toda a equipe. Se um paciente tem dificuldade para permitir um alongamento e expressa medo excessivo de sentir dor e até quebrar a perna, o psicólogo deve ser inserido no atendimento. Se há necessidade de fortalecimento muscular e o paciente está emagrecido, com fadiga, o nutricionista entre em cena. Se o paciente tem alta e compartilha com o fisioterapeuta que não quer ir pra casa, que se sente inseguro, o serviço social precisa ser informado.
É muito importante que se tenha uma comunicação aberta e clara entre os membros da equipe, o paciente e sua família, para que, de fato, o cuidado com esse paciente seja integral. Discutir casos com a equipe médica e de enfermagem, assistente social, psicólogo, dentista, farmacêutico, nutricionista, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e a professora, ajuda a traçar de forma específica os objetivos do tratamento de reabilitação de acordo com as necessidades do paciente, promovendo sua melhora, bem estar e qualidade de vida durante todo o processo de tratamento do câncer.