O termo cyberbullying vem sendo usado constantemente para descrever atos repetitivos de violência física, verbal e psicológica em meios virtuais, como sites, blogs, mensagens de texto, diários virtuais. Casos como os de crianças e adolescentes hostilizados são mais comuns do que se possa imaginar. Tal comportamento é fruto de visões preconceituosas, com intuito de ridicularizar ou humilhar as pessoas consideradas diferentes da maioria.
Nas redes sociais, o cyberbullying pode começar a ser visto com aqueles alunos com destaque intelectual maior que os demais, com alguma limitação, ou ainda com sequela de alguma enfermidade, estes são na maioria das vezes excluídos do contato social do grupo. Essas desigualdades provocam um desejo de exercer poder sobre aqueles que são considerados diferentes, dominando-os ou atacando-os normalmente em público.
O público acolhido na Casa Durval Paiva é composto por crianças e adolescentes com câncer e doenças hematológicas crônicas, sendo assim, testemunhamos diversos casos de cyberbullying pela alopecia, perda de peso, ou ainda pela pele ferida em decorrência de sucessivos procedimentos. Essas demandas chegam até ao laboratório de informática através de depoimentos por parte dos pacientes ou seus acompanhantes. As vítimas demonstram estar submersas diante da situação, apresentando inúmeras mudanças de comportamento, como: tristeza ao realizar o uso das internet nos computadores e outros dispositivos, ou mesmo sintomas, como: dor de cabeça, de estômago ou suor frio, indicando alto nível de angústia. Outra reação pode ser não querer mais frequentar as aulas no laboratório de informática ou na escola, situações essas que causam desestímulo e, consequentemente, queda em seu rendimento.
Buscamos no trabalho interdisciplinar mediar projetos de conscientização, alertando que as crianças e adolescentes precisam ser poupados, pois vêm de um processo de perdas, onde eles convivem com sentimentos de tristeza, angústia e mudança em sua própria imagem. Apesar de todos esses entraves, estes pacientes encontram-se em pleno desenvolvimento intelectual e físico, tendo o direto de serem respeitados como cidadãos plenos.
O indivíduo que tenha sido vitima de cyberbullying, (qualquer tipo de ameaça verbal, física ou psicológica) precisa de ajuda e necessita ser protegido. Após a ofensa, o principal trabalho a ser exercido durante a recuperação é o de resgate da autoestima. Os adultos devem ouvir as queixas e perceber os sinais das vítimas, sinais esses que podem ser demonstrados na maioria das vezes pelas emoções. As vítimas precisam se sentir cuidadas pela família, escola, comunidade e autoridades. Muito importante também é deixar claro para o aluno paciente, seja qual for a sua idade, que ele não é culpado pelas perseguições que está sofrendo e que a situação é momentânea, com um fim benéfico que é a cura do câncer.
Dentro dessa circunstância, é necessário construir na sala de aula um universo de respeito, onde o profissional deve intervir, pontuando ações dos colegas de sala e gestos. Já a família, nesse momento, deve dar ouvidos às lamentações relatadas, buscando a resolução dos conflitos e o fortalecimento do vínculo familiar, fazendo com que a vítima sinta-se amparada e preparada para dar continuidade a sua rotina diária, segura para enfrentar possíveis conflitos que venham a existir.
Escrito por Mayckon Dantas – Analista de TI.