Rilvana Campos Câmara
Coordenadora Diagnóstico Precoce – Casa Durval Paiva
Quando uma mãe recebe um diagnóstico de câncer de um filho, perde o chão. A mesma sai a procura de sanar a doença do momento e se vê diante de um terremoto que abala toda uma estrutura familiar. Na Casa Durval Paiva não é diferente, elas chegam sofridas, cheias de dúvidas, com medo. Medo que assombra, enfraquece, angustia e que gera inúmeros conflitos.
Será que ao saber do diagnóstico do seu filho essa mãe é orientada pelos profissionais que estão na ponta do atendimento da melhor forma possível? Ou será que por conta do medo, ficando muitas vezes petrificadas, elas não conseguem expor o que estão sentindo? Observamos nas entrevistas realizadas no setor de diagnóstico precoce da Casa que muitas caem de paraquedas nesse abismo que é bastante profundo e que, muitas vezes, só é visto a ponta do iceberg.
Elas chegam sem entender muito bem da situação, com muitas dúvidas e receios. Aqui são acolhidas por uma equipe multidisciplinar e orientadas dentro do seu novo contexto. Aprendem da forma mais dolorosa e sofrida e criam forças de onde as mesmas acham que não têm. São verdadeiras guerreiras que, muitas vezes, se surpreendem com o seu novo agir. Constatamos relatos como: “nunca pensei que teria tanta força para lutar pela vida do meu filho”, depoimentos emocionantes que chocam, mas que são doses de ânimos para a luta diária.
As acompanhantes encontram nas outras mães parceiras para os momentos vividos, aprendem a ouvir, falar e se colocar no lugar da outra. A dor geralmente é a mesma, ocasionada pela doença, sofrimento, separação, distanciamento da família, perda do ente querido e afastamento do trabalho, sendo necessário se reorganizar para poder suportar o tratamento que vem pela frente, reunir forças não só a si, como para a família, compartilhando também com outras mães acolhidas na Casa, já que a convivência é diária, proporcionando a troca de dificuldades, dúvidas e superações.
Tendo em vista o que essas mães passam ao descobrir que seu filho não tem uma simples doença e sim um câncer e que chegam à Casa de Apoio sem muita informação sobre como dar andamento ao tratamento, pelo próprio desconhecimento da doença, elas encontram na instituição uma equipe multidisciplinar que tem um olhar diferenciado a frente dessas mães, que estão fragilizadas e sem as informações necessárias, tornando para elas o termo ‘câncer’ mais suave e mostrando que se diagnosticada precocemente a doença tem cura, tornando assim o caminhar mais leve.