Ana Kariny Cabral Araújo
Psicóloga – Casa Durval Paiva
CRP 17/46665
A família tem um papel fundamental em nossas vidas. Dela, vem os nossos primeiros laços de afeto e primeiros aprendizados. Então, em muitos momentos, família é igual a segurança, afeto, cuidado, dentre tantas outras distinções que encontramos. A família é como um ninho, o ninho é preparado para receber os ovinhos, para suportar o sol ou a chuva, mas como podemos nos preparar para uma doença que exige tanto de um cuidador?
Na verdade, não esperamos as coisas ruins, ou conseguimos nos preparar para tudo. A dinâmica familiar sofre alterações, desde a higiene do lar, alimentação ou lazer, tudo vai depender do que o paciente vem a enfrentar.
Ao conversar com cuidadores, encontramos histórias de pessoas que precisaram parar de trabalhar, estudar, que romperam relacionamentos, rotinas, para se dedicar aos tratamentos que a doença exige. Frente a isso, cabe uma reflexão do fazer psicológico: Quem cuida do cuidador? – É essencial oferecer um lugar de fala, de autocuidado, autoconhecimento e, sempre que possível, estimular o revezamento entre os cuidadores.
Na Casa Durval Paiva, esse lugar de fala é oferecido aos acompanhantes, por meio de oficinas, grupos e atendimentos individualizados, bem como, projetos voltados para a pessoa de referência do paciente. Há a visão de que a saúde do paciente, também, depende da saúde do seu cuidador. Então, o trabalho é realizado como forma de garantir o bem-estar de ambos.
Pense numa pessoa que agora além das suas próprias necessidades, também, tem a de mais alguém. Esses acompanhantes tem as suas vidas alteradas, tanto quanto a dos pacientes, e sofrem ao ver o ente perdendo a condição saudável, ao ver as reações ao tratamento, acompanhando e vivendo o sofrimento. Dentre tantos sofrimentos, é necessário possibilitar que o sofrimento dele tenha espaço para emergir, pois esse também está tendo perdas em sua vida.