O papel do assistente social no processo dos cuidados paliativos

O papel do assistente social no processo dos cuidados paliativos

O papel do assistente social no processo dos cuidados paliativos

Soraya Mendes Guimarães

Assistente Social – Casa Durval Paiva

CRESS/RN 1249

Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, o câncer infantojuvenil corresponde a um conjunto de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e pode ocorrer em qualquer parte do organismo. Geralmente, afeta as células do sistema sanguíneo e dos tecidos de sustentação. Os tipos mais comuns são as leucemias, linfomas e tumores do sistema nervoso central. Ao contrário dos tumores nos adultos que geralmente têm a ver com a exposição a vários fatores de risco, as causas dos tumores pediátricos ainda são pouco conhecidas, embora estudos apontem que alguns sejam determinados geneticamente. Estudos recentes apontam que, com o diagnóstico precoce, o tratamento pode chegar até 80% de cura.

 No entanto, em razão de alguns fatores, como: a dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde, a desinformação dos pais, o medo do diagnóstico e as características de certos tumores que são de difícil diagnóstico, muitos pacientes são encaminhados para tratamento com a doença avançada, o que reduz o percentual de cura.

Esse tratamento é longo, implica em várias internações e deslocamentos ao hospital, impactando diretamente na vida das familiares e pacientes que sofrem inúmeras mudanças em sua rotina e relações cotidianas. Cuidar de uma criança ou adolescente com câncer é extremante difícil, pois o período de tratamento é intercalado por momentos de esperança e de desespero, medo e insegurança.

No processo de tratamento não é raro um dos pais deixar seu emprego para prestar o cuidado contínuo que a doença exige. A diminuição da renda e o afastamento da convivência familiar atingem emocionalmente os demais membros da família, assim como o paciente e seus cuidadores. Existem pacientes que chegam para tratamento com a doença em estágio avançado, o que os leva ao tratamento paliativo, já que a cura não é mais possível, além daqueles que fazem todo o tratamento disponível para a cura, mas não a alcançam. É um desafio para a equipe lidar com esse momento, que exige uma atenção interdisciplinar.

O cuidado paliativo em pediatria, segundo a Organização Mundial de Saúde é o “cuidado ativo e total do corpo da criança, sua mente e espírito, incluindo o apoio à família”, baseado nesse conceito e com o objetivo de oferecer suporte, informação e conforto, por meio do alívio dos sintomas, proporcionando o resgate da dignidade e a melhora da qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias a equipe multidisciplinar da Casa Durval Paiva, formada por assistentes sociais, psicóloga, farmacêutica, fisioterapeuta, dentistas, pedagogas, terapeuta ocupacional e nutricionista busca dar  assistência e suporte, ajudar no que for necessário e fortalecer a família, para que esta encontre suas próprias estratégias para enfrentar esse momento.

Assim, o serviço social da Casa colabora com os demais profissionais, visto que está inserido desde o início do tratamento e atua na intersecção da situação de saúde/doença da criança e com as demais dimensões de sua vida e de seus familiares – trabalho, renda, moradia, acesso a bens e serviços, valores, cultura – que interferem no processo do diagnóstico, tratamento e cuidado.

Nesse contexto, o assistente social desempenha dois papéis importantes nos cuidados paliativos: o primeiro é o de informar a equipe, quem é o paciente e seus familiares do ponto de vista biográfico: onde eles vivem e em que condições se encontram pra receber o atendimento da equipe. Com essas informações, os demais profissionais poderão planejar como vai ser a assistência ao paciente.

O segundo papel consiste no elo que o profissional faz entre o paciente-família e a equipe. O acolhimento e a escuta qualitativa que são características do trabalho do assistente social também são importantes, na medida em que ao se deparar com o paciente em processo de cuidados paliativos, possibilita colher informações no tempo certo, dar voz ao indivíduo e seus familiares, deixando-os extravasar suas tristezas e insatisfações com o problema. O conhecimento da situação socioeconômica do paciente, dos serviços disponíveis, das redes de suporte e dos canais para atender a demanda dos usuários também contribui para a eficácia do suporte social oferecido aos pacientes e seus familiares, durante todo o tratamento e no processo dos cuidados paliativos.