Já é sabido que o câncer infanto juvenil, ao contrário do câncer em adultos, não está ligado ao estilo de vida e aos fatores de risco ambientais para seu acometimento. Normalmente é resultado de uma ou múltiplas alterações do DNA que ocorrem antes mesmo do nascimento da criança.
No entanto, uma alimentação saudável e um acompanhamento nutricional adequado continuam sendo essenciais ao tratamento, sendo um dos principais fatores responsáveis pela melhor resposta às terapias (quimioterapias, radioterapias e/ou cirurgias) e menores índices de recaídas. Assim sendo, nas estratégias nutricionais de combate ao câncer e às consequências do tratamento, determinados alimentos tem seus “efeitos especiais” e são indispensáveis à dieta deste público, pois em sua composição são ricos dos chamados compostos fitoquímicos.
Os compostos fitoquímicos são substâncias naturalmente desenvolvidas pelas plantas que permitem sua defesa contra as infecções e danos causados pelos microrganismos, insetos ou outros predadores. Entretanto, este papel de proteção não se limita aos seus efeitos para a boa saúde das plantas; essas moléculas também tem um papel essencial no sistema de defesa contra o desenvolvimento do câncer.
E, ao contrário do que se pode imaginar, estes alimentos já estão inseridos em nossa cultura alimentar. A cúrcuma, por exemplo, possui numerosas propriedades anticancerígenas, e pode ser encontrada no açafrão da terra, tendo seu efeito potencializado quando combinada com a piperina, substância presente na pimenta preta, também conhecida como “pimenta do reino”. O alho, a cebola e a cebolinha, possuem os compostos sulfurados, que apresentam também diversos efeitos no combate ao câncer. A couve (folha e flor) contém os glicosinolatos, que freiam o desenvolvimento do câncer, impedindo as substâncias cancerígenas de causarem maiores danos às células saudáveis.
Nas refeições oferecidas aos pacientes assistidos na Casa Durval Paiva, temos buscado sempre incluir nas preparações diárias estes alimentos e muitos outros, como a semente de linhaça e chia, por exemplo, os sucos cítricos, o abacate, o cacau; além de diversos temperos, procurando somar sabor e saúde ao cardápio.
Lembrando também que o acompanhamento nutricional individualizado feito por um profissional especializado é essencial, pois é nesse momento que serão observadas todas as demandas e especificidades sobre o tipo de doença e procedimentos que serão realizados, bem como, erros alimentares, condições socioeconômicas, disponibilidade dos alimentos; aspectos que são fundamentais para melhor adesão e assimilação das orientações dietéticas.
Escrito por Priscylla Kelly Abrantes – Nutricionista – CRN 14096.